Alepe comemora o Dia Estadual do Maracatu

Por Rafael Santos 05/09/2023 15:12 • Atualizado 05/09/2023
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Com loas e batuques, a Alepe comemorou, na última segunda-feira (4), o Dia Estadual do Maracatu. Celebrada anualmente no dia 1º de agosto, a data foi instituída pela Casa Legislativa em 1997, fruto de um projeto de lei do ex-deputado Djalma Paes, e marca o dia de nascimento do mestre Luiz de França (1901-1997), que comandou por quase 40 anos as atividades do centenário Maracatu Leão Coroado, um dos Patrimônios Vivos do Estado, desde 2005.

A solenidade foi uma proposição da deputada Rosa Amorim (PT) e reuniu batuqueiros dos maracatus nação e de baque solto do Estado, representados pela Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (Amampe), Associação dos Maracatus de Olinda (AMO), União dos Maracatus de Nação e Associação e Maracatus de Baque Solto (AMBS). 

“A homenagem da Alepe tem como objetivo fortalecer e contribuir para a valorização e preservação dessa expressão cultural. É importante ressaltar que estão em curso iniciativas importantes que visam a proteção das manifestações culturais do país, como a construção do Plano de Salvaguarda dos Maracatus Nação, documento fundamental que apresenta estratégias, objetivos e o planejamento de ações a serem desenvolvidas a curto, médio e longo prazo, a fim de promover um amplo alcance da política cultural”, disse a parlamentar, que presidiu a cerimônia.

“Estamos aqui para celebrar o Dia do Maracatu. Mais do que isso: a importância dos grupos para cultura pernambucana, que se fortalece com o trabalho deles. Estivemos aqui em 1997 e estamos de volta mais de 25 anos depois para dizer que os maracatus precisam ter muito mais apoio e respeito”, ressaltou a presidente da Associação de Maracatus de Olinda, Kátia Paz.

“É uma homenagem muito importante para os grupos de maracatu, pois não só evidencia a força da arte que eles produzem, como possibilita o reconhecimento aos/às mestres que lutam para manter viva a chama da cultura popular no Estado”, afirmou Aluísio Almeida, presidente da Associação dos Maracatus de Baque Solto de Pernambuco, que reúne 113 agremiações em 27 cidades pernambucanas.

Manifestação cultural – Caracterizado pelo tambor de alfaia, o maracatu inclui dança, instrumentos e vestimentas típicos e sincretismo religioso. Pode ser dividido em dois grandes grupos: o maracatu nação (ou do baque-virado) e o maracatu rural ou do baque-solto (também chamado de maracatu de orquestra, maracatu de trombone e maracatu de baque singelo). 

O primeiro é muito comum na Região Metropolitana do Recife e é considerado o mais antigo ritmo afro-brasileiro. Já o segundo é associado ao ciclo canavieiro da Zona da Mata Norte de Pernambuco.

Ambos estão inscritos como bens culturais imateriais no Livro de Registro das Formas de Expressão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Mestre Luiz de França – Uma das figuras mais marcantes na história do Maracatu Leão Coroado, mestre Luiz de França nasceu em 1º de agosto de 1901. Cresceu no bairro de São José, espécie de gueto de escravos libertos, local onde aconteciam cultos africanos.

Em 1954, assumiu a liderança do grupo fundado por seu pai. Como líder do grupo, que dirigiu com dedicação por mais de 40 anos, ele cuidou da organização, das obrigações religiosas e da direção da batucada. O Maracatu Leão Coroado continua mantendo o mesmo baque tradicional, conforme garante o babalorixá Afonso Aguiar, que passou a fazer parte do grupo em 1996 e conduz a agremiação desde a morte de França, em 1997.

Plano de Salvaguarda dos Maracatus Nação – O documento é fruto da organização e dedicação dos detentores desse bem cultural para a perpetuação de sua manifestação e da sua busca ativa pelas políticas públicas da área da cultura e patrimônio cultural. 

O resultado é um plano bem representativo, que reúne um diagnóstico abrangente da situação do bem cultural e dos seus grupos, mas que é dinâmico, mutável, e dessa forma pretende responder às mudanças sociais que o bem cultural enfrenta. 

Dia Nacional do Maracatu – Por proposição de Luciana Santos, ex-deputada federal e atual ministra de Ciência e Tecnologia, o Senado aprovou, em fevereiro de 2022, o projeto de lei que institui o dia 1º de agosto como Dia Nacional do Maracatu. 

A data, assim como em Pernambuco, visa fortalecer e evidenciar os elementos da cultura do maracatu que, atualmente, se manifestam em quase todos os estados brasileiros e em diversos países, como Canadá, Inglaterra, França, Estados Unidos, Japão, Escócia, Alemanha, Espanha, entre outros. 

Há um Dia Estadual do Maracatu também no Ceará e datas comemorativas municipais em algumas cidades de Pernambuco.

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