Estudo genético indica semelhanças entre coronavírus que circula em Pernambuco e na Europa

Pesquisadores da Fiocruz-PE chegaram ao resultado após realizar o sequenciamento genético de 39 genomas do Sars-CoV-2 que circularam no Estado no início da epidemia

Por Rafael Santos 07/08/2020 11:37 • Atualizado 07/08/2020
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Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco (Fiocruz-PE) descobriram, usando técnicas de sequenciamento genético, que as cepas do novo coronavírus (Sars-CoV-2) que circulam no Estado têm semelhanças àquelas encontradas em países da Europa. Tal descoberta, divulgada nesta quinta-feira (6), indica que o vírus da Covid-19 chegou a Pernambuco por essa rota.

Para a identificação, os cientistas realizaram o sequenciamento de 39 genomas do Sars-CoV-2 que circularam em Pernambuco no início da epidemia. As amostras foram coletadas no Recife e em cidades da Região Metropolitana, como Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e Paulista, pontos iniciais do primeiro surto da doença, em março, e em Aliança, na Zona da Mata Norte. 

Além das linhagens europeias, a pesquisa identificou semelhanças das amostras entre as diferentes cidades e com estados vizinhos, o que indica a origem e o fluxo do vírus no Estado. Uma nova rodada da pesquisa, com mais de 60 genomas vindos de amostras de municípios do Interior será realizada e terá seus resultados divulgados posteriormente. O artigo científico com os resultados da primeira fase da pesquisa deverá ser disponibilizado na próxima semana.

O conhecimento desses genomas representa um avanço para o desenvolvimento das vacinas e tratamentos eficazes para a doença, além de indicar a efetividade da imunização na população local. “Encontramos em Pernambuco 39 genomas que pertencem a duas principais linhagens de algum país europeu, pois há uma semelhança muito grande. Muitas das linhagens virais se espalharam pelo mundo a partir daquele primeiro grande surto na Europa. O conhecimento genômico permite traçar essas rotas”, explicou o pesquisador e coordenador do projeto da Fiocruz-PE, Gabriel Wallau.
 
A notificação oficial dos primeiros casos da Covid-19 em Pernambuco ocorreu há quase cinco meses, em 12 de março. Na ocasião, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou que um casal, uma mulher de 66 anos e um homem de 71, foram os primeiros infectados com resultados de testes laboratoriais positivos. 

Os dois tinham histórico de viagem recente para a cidade de Roma, capital da Itália, então segundo país com mais casos da doença causada pelo novo coronavírus em todo o mundo. O resultado da pesquisa feita em Pernambuco pode indicar que o vírus chegou, de fato, através de passageiros infectados que adquiriram o vírus no continente europeu. A próxima fase permitirá aos pesquisadores mapear com mais precisão o espalhamento viral e o momento em que o vírus entrou em Pernambuco.

O conhecimento desses genomas representa um avanço para o desenvolvimento das vacinas e tratamentos eficazes para a doença, além de indicar a efetividade da imunização na população local. “Encontramos em Pernambuco 39 genomas que pertencem a duas principais linhagens de algum país europeu, pois há uma semelhança muito grande. Muitas das linhagens virais se espalharam pelo mundo a partir daquele primeiro grande surto na Europa. O conhecimento genômico permite traçar essas rotas”, explicou o pesquisador e coordenador do projeto da Fiocruz-PE, Gabriel Wallau.
 
A notificação oficial dos primeiros casos da Covid-19 em Pernambuco ocorreu há quase cinco meses, em 12 de março. Na ocasião, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou que um casal, uma mulher de 66 anos e um homem de 71, foram os primeiros infectados com resultados de testes laboratoriais positivos. 

Os dois tinham histórico de viagem recente para a cidade de Roma, capital da Itália, então segundo país com mais casos da doença causada pelo novo coronavírus em todo o mundo. O resultado da pesquisa feita em Pernambuco pode indicar que o vírus chegou, de fato, através de passageiros infectados que adquiriram o vírus no continente europeu. A próxima fase permitirá aos pesquisadores mapear com mais precisão o espalhamento viral e o momento em que o vírus entrou em Pernambuco.

O Brasil, inclusive, é pioneiro no sequenciamento do Sars-CoV-2. Em 28 de fevereiro, apenas dois dias após a confirmação oficial do primeiro caso da Covid-19 no País, o Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP) anunciou ter completado o sequenciamento do genoma do novo coronavírus.

Com o resultado do trabalho do grupo coordenado pelas cientistas Ester Sabino e Jaqueline Goes de Jesus, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a sequenciar o genoma.

Outro estudo
Paralelamente ao sequenciamento desenvolvido pela pesquisa da Fiocruz-PE, pesquisadores da UFPE também trabalham no sequenciamento das cepas. Segundo o coordenador do projeto, o professor Valdir de Queiroz Balbino, do Laboratório de Bioinformática e Biologia Evolutiva (Labbe) do Departamento de Genética, já foram obtidas mais de 90 sequências genômicas do vírus, provenientes do Recife e de cidades do Interior, como Caruaru, Toritama, Santa Cruz do Capibaribe e Serra Talhada.

O estudo é feito no sequenciador modelo Miseq lllumina. O estudo inclui amostras representativas de vários municípios pernambucanos, com o objetivo de melhorar a representação da diversidade genética das cepas circulantes no Estado. Os trabalhos, segundo Balbino, devem ser finalizados nesta sexta-feira (7), e a divulgação dos resultados deve ocorrer na próxima semana.

Coronavírus em Pernambuco
Os dados mais recentes da SES-PE apontam que o Estado ultrapassou a marca de 100 mil infectados pela Covid-19. Segundo o informe desta quinta-feira, foram registradas mais 1.074 notificações positivas, elevando o total a 101.395. 

O número de mortes subiu para 6.828, com as 70 confirmadas na atualização. Já as curas clínicas são 77.142, contando com as 1.373 informadas na quarta-feira.

Entre os 1.074 novos casos confirmados pela SES-PE, a grande maioria (92,6%) é de casos leves, aqueles pacientes que não demandam atendimento hospitalar. Os demais 79 (7,4%) são de casos classificados como Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).

Ainda segundo a secretaria, no informe da quarta-feira, a taxa de ocupação de leitos dedicados à Covid-19 no Estado está em 56%. Ao todo, são 1.931 vagas para pacientes graves com a doença na rede pública de saúde. Dos leitos de UTI, 66% estão ocupados. A ocupação dos leitos de enfermaria, por sua vez, é de 48%.

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