Desfile homenageia Mirella Sena e emociona público da Fenearte

Coleção de roupas foi idealizada pela produtora cultural Zita Barbosa, prima da fisioterapeuta. Jovem foi assassinada em um flat, no Recife, em abril. Peças traduzem a luta pelo fim da violência contra a mulher.

Por Rafael Santos 09/07/2017 15:50 • Atualizado 09/07/2017
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A emoção tomou conta da abertura da Passarela Fenearte, em Olinda, no Grande Recife, na tarde deste sábado (8). O desfile que apresentou a coleção de moda ‘Tapetes de Lagoa – MirEllas’, produzido pelo Centro de Mulheres Urbanas e Rurais de Lagoa do Carro e Carpina, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, homenageou a fisioterapeuta Mirella de Sena, assassinada em abril deste ano, no Recife. A Fenearte acontece no Centro de Convenções.

A coleção foi idealizada pela produtora cultural Zita Barbosa, prima da vítima, mas que a considerava como uma ‘sobrinha do coração’. “Ela estava sempre lá em casa quando era pequena. Sentimos muito quando isso [o crime] aconteceu. Tudo foi inspirado não só em Mirella, mas em todas as outras que também foram vítimas da violência contra a mulher e lutaram até o fim; por isso o nome ‘Mirellas’, no plural”, explica a produtora.
As roupas da coleção foram criadas em preto e branco, com bordados de flores em tapeçaria. Esse é o artesanato mais tradicional do município de Lagoa do Carro.

“Queremos conscientizar a sociedade sobre a importância do fim da violência contra as mulheres. O preto simboliza o luto, mas os bordados são coloridos para dizer que as mulheres estão na luta, portando aquilo que elas gostariam de ter adornado em seu corpo: flores, e não facas”, detalhou ainda a tia da jovem.

Os pais de Mirella, Wilson e Sueli Araújo, acompanharam o desfile. Eles demonstraram ter ficado emocionados com a homenagem. “Não é só por Mirella. Estamos aqui para que esse crime não caia no esquecimento, para lembrar que a luta é constante, por todas as mulheres”, destacou a mãe da jovem.

Após o desfile, a passarela recebeu uma faixa, homenageando a jovem. A designer Thalita Peixe assina as peças, bordadas pela artesã Joseirma Rosendo e costuradas por Julita Barbosa e Zita Barbosa. Ao todo, foram produzidas dez roupas, que não estão à venda. A coleção será exibida também noutro desfile, em Lagoa do Carro e, em seguida, ficará exposta no Centro de Mulheres da cidade.

A Fenearte funciona das 14h às 22h, durante a semana, e das 10h às 22h, nos sábados e domingos. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (meia) de segunda a quinta e R$ 12 e R$ 6 (meia) nas sextas, sábados e domingos.
Entenda o caso

O crime ocorreu na manhã do dia 5 de abril, num flat localizado na Rua Ribeiro de Brito, em Boa Viagem. Segundo a Polícia Militar, a vítima morava há quatro meses no local. A mulher foi encontrada nua, com um corte profundo no pescoço, após um funcionário do prédio e alguns moradores ouvirem gritos vindos do 12° andar do edifício.

Edvan Luiz da Silva, acusado do crime, já foi denunciado e vai a júri popular, ainda sem data marcada. A 3ª Vara do Tribunal do Júri da Capital recebeu a denúncia do MPPE no dia 25 do mesmo mês. A denúncia se baseia no emprego de meio cruel, traição, emboscada ou meio que dificulte a defesa da vítima, ocultação e feminicídio.

Em junho, Edvan voltou a ser investigado pela Polícia Civil pela prática de outro homicídio. Ele é suspeito de matar uma mulher em 2013. Segundo a assessoria de comunicação da Polícia Civil, nesse outro caso, o corpo da vítima mulher foi encontrado nas proximidades do bairro da Cabanga, na área central do Recife.
Provas

De acordo com a Polícia Civil, jovem, de 28 anos, foi vítima de violência sexual e tortura antes de morrer. A perícia concluiu que havia sangue de Mirella no apartamento de Edvan e que, sob as unhas da vítima, havia restos da pele do acusado, o que justificou os arranhões no braço do criminoso.

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