Aluno torturou e matou funcionário de colégio no Recife

Por Andrison Freire 01/10/2015 11:19 • Atualizado 01/10/2015
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betinho agnes

A Polícia Civil apresentou na manhã desta quarta-feira (30), na sede do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), no Cordeiro, zona oeste do Recife, a conclusão do inquérito do caso do homicídio do professor e coordenador de pátio, José Bernardino, o Betinho do Colégio Agnes. A vítima foi encontrada em sua residência, no dia 16 de maio deste ano, no Edifício Módulo, localizado no bairro da Boa Vista, área central da cidade, com os pés amarrados com fios de ventilador e o pescoço enrolado ao fio do ferro de passar.

De acordo com o delegado Alfredo Jorge, ao todo, foram ouvidas 40 pessoas e os suspeitos por mais de uma vez. Ainda foi afirmado que a residência da vítima não se encontrava revirada ou com indícios de luta corporal, no entanto, o coordenador de pátio encontrava-se em um colchão no chão do quarto, com sua região inferior despida, vestido apenas com uma camisa e com rosto desfigurado. “Betinho foi assassinado mediante tortura, qualificando o crime de homicídio. Teve seu pescoço amarrado e neste momento ainda estava vivo. O que o matou foram as várias pancadas na cabeça proferidas com o ferro de passar roupas”, detalha o delegado.

Dentre 13 suspeitos investigados, o inquérito concluiu que quem assassinou José Bernardino foi um adolescente de 17 anos e o maior, Ademário Gomes da Silva Dantas, conhecido como Dema, filho do diretor do Colégio Agnes, onde ambos estudam na terceira série do ensino médio. Apesar disso, eles afirmam não se conhecerem e nem terem tido atritos ou mesmo frequentar a casa da vítima. Eles negam tanto o envolvimento no crime, como afirmam que as digitais encontradas pela polícia científica não são deles.

Segundo a perícia e análise das imagens feitas pelo circuito de monitoramento do edifício, o coordenador pode ter sido morto entre os dias 14 e 16 de maio, no entanto, as maiores evidências inclinam que o crime aconteceu na quinta-feira (14). Nesse mesmo dia, um vizinho afirmou que a porta da casa de Betinho estava aberta e batendo quando passava uma corrente de vento, então ele resolveu fechá-la com um fio.

A polícia afirma que durante a semana em que o crime aconteceu, a vítima estava sem trabalhar, motivo pelo qual sua rotina passou por mudanças até mesmo nos horários e local onde estacionava a moto. A falta de trabalho havia sido identificada por um afastamento em outra escola que trabalhava por ter sido flagrado saindo de um banheiro junto com um menor.

A investigação concluiu que Betinho se relacionava com vários rapazes, sendo um deles denominado Raphaell que, além disso, também iniciou o coordenador ao consumo de crack. Como havia grande intimidade com a vítima, inclusive possuindo as chaves do apartamento, foi ele encontrou o corpo. A polícia descartou o envolvimento de Raphaell no crime.

homicidaJá de acordo com a polícia científica o que comprova que tanto que o menor quanto Ademário estavam presentes na cena do crime, é presença de fragmentos encontrados. “Nós encontramos 30 fragmentos do menor tanto no ferro de passar – mais especificamente no punho e na parte posterior do objeto – como no ventilador, sendo 15 em cada. No caso do maior, foram encontrados 17 fragmentos na porta de um armário localizado na sala da vítima. Então, de acordo com os pontos de coincidência entre as digitais encontradas no local com as colhidas dos suspeitos, a perícia pode chegar a essa conclusão”, explica Adenaule Geber, perito papiloscopista do Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB).

O delegado responsável pelo caso não informou a motivação do crime, visto que este seria apenas possível com o resgate do celular da vítima, no entanto, ao rastreá-lo, foi constatado que o aparelho pode estar escondido ou ter sido destruído. Ele também afirmou que o resultado do exame sexológico ainda não está pronto, mas não deverá revelar a motivação do crime.

Na casa de Betinho foi encontrado um celular, mas não pertencia a ele e, sim, a Raphaell. No entanto, na câmera digital da vítima foi possível perceber que ele realizava backups dos vídeos do seu aparelho. O conteúdo encontrado tratava-se de uma relação sexual com um jovem, de cor morena e porte atlético que não pode ser identificado, pois o rosto foi cortado na filmagem. Além disso, havia vídeos gravados de sites de conteúdo de pornografia, inclusive, infantil.

Prisões 

O inquérito foi encerrado nesta quarta-feira (30) e será encaminhado à justiça ainda hoje o que deverá levar à prisão preventiva de Ademário Gomes da Silva Dantas por homicídio qualificado e por perturbação durante o inquérito.

Já o menor deve ser encaminhado pra Vara da Infância e da Juventude para que as providências cabíveis sejam tomadas.

Além deles, Wenderly Gomes de Castro, 46 anos, funcionária de uma creche, foi indiciada por falso testemunho. De acordo com o delegado, ela é da mesma igreja frequentada pela família de Ademário e, como forma de excluir Dema do local do crime, simulou que pessoas haviam ouvido Raphaell revelar o crime.

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