Alepe discute redução da maioridade penal

Por Rafael Santos 29/06/2015 15:57 • Atualizado 29/06/2015
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06.29-JUSTICA-RM-66-de-591-1024x687Palavras de ordem contra a diminuição da idade penal tomaram o Plenário da Casa Joaquim Nabuco na manhã desta segunda (29). Parlamentares, autoridades e representantes da sociedade civil organizada marcaram presença na Audiência Pública promovida pela Comissão de Justiça da Alepe para debater o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) nº 171/93. A proposta, atualmente tramitando na Câmara dos Deputados, em Brasília, reduz a idade penal no País de 18 para 16 anos.

“O Brasil criou uma doutrina de proteção à criança e ao adolescente, mas ainda não conseguiu implementá-la na prática. Não temos garantido direito à cidadania, educação de qualidade, segurança e amor, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente. Mas estamos querendo criminalizar a juventude, em vez de garantir esses direitos”, apontou a presidente da Comissão de Justiça, deputada Raquel Lyra (PSB).

06.29-JUSTICA-TADEU-ALENCAR-RM-71-de-76-300x200Integrante da Comissão Especial criada na Câmara dos Deputados para discutir a temática, o deputado federal Tadeu Alencar (PSB-PE) demonstrou preocupação com os encaminhamentos da votação da PEC. “Diante de um cenário de crise, esse debate surge gerando a falsa impressão de que assim se resolve a questão da violência”, ressaltou o parlamentar. Também presente ao encontro, a deputada federal Luciana Santos (PCdoB-PE), acrescentou que “em momentos como esse, é necessária a reação de homens e mulheres que lutam por justiça e liberdade”.

O arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, reforçou a posição da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), contrária à redução da maioridade penal. “Muitos dos parlamentares a favor dessa proposta, que se dizem cristãos, não ligam minimamente a fé com a ética. Na Bíblia, a justiça de Deus não é punitiva ou vingativa, mas restaurativa, pregando o perdão. A mensagem do evangelho é o amor”, lembrou.

O posicionamento do Governo do Estado, que é contra a alteração na Carta Magna, foi defendido pelo secretário estadual de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, Isaltino Nascimento. Ele apresentou dados segundo os quais 0,27% dos jovens pernambucanos estão cumprindo medidas infracionais, enquanto 60% das vítimas de crimes violentos letais têm até 29 anos de idade.

06.29-JUSTICA-RM-9-de-591-300x195“Estamos tomando medidas efetivas, como a criação do programa Vida Aprendiz, que permite que jovens em medidas socioeducativas possam ser empregados em órgãos do Estado como aprendizes, sendo remunerados por isso. Também vamos propor o aumento de 2% para 5% do percentual de vagas em empresas contratadas pelo poder público que devem ser destinadas a egressos do sistema prisional, de medidas socioeducativas e do Programa Atitude”, informou o secretário.

Único a se manifestar a favor da PEC nº 171/93 na ocasião, o deputado Joel da Harpa (PROS) citou casos de homicídios cometidos por adolescentes. “Jesus nunca pregou que o Estado não deve punir severamente aqueles que cometem crimes. O perdão deve estar na Igreja e em todo cidadão, mas a justiça precisa ser feita”, defendeu, completando que “os adolescentes devem ser protegidos, mas os marginais devem ir para a cadeia.”

A Audiência foi solicitada pelos deputados Waldemar Borges (PSB) e Raquel Lyra, por sugestão do deputado federal Tadeu Alencar. Também participaram do encontro os deputados Zé Maurício (PP), Teresa Leitão (PT), Rodrigo Novaes (PSD),Ângelo Ferreira (PSB), Simone Santana (PSB) e Edilson Silva (PSOL), além de membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), prefeituras do Estado, conselhos profissionais, organizações de direitos humanos e movimentos estudantis.

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