Lixão Zero: MPPE, Semas, CPRH e TCE somam esforços para cobrar descarte adequado de resíduos sólidos em todos os municípios pernambucanos

Por Rafael Santos 28/04/2021 20:47 • Atualizado 28/04/2021
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Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Agência Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH) e Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) constituíram um grupo de trabalho conjunto para cobrar das gestões municipais a destinação adequada dos resíduos sólidos. O objetivo dessa iniciativa é permitir que os órgãos tenham mais agilidade na troca de informações técnicas, como relatórios e estudos, para embasar a atuação em prol do fechamento dos lixões.

A proposta surgiu a partir de reunião realizada no dia 20 de abril, quando a CPRH apresentou ao MPPE e à Semas uma atualização do panorama sobre a destinação dos resíduos sólidos em Pernambuco. Na ocasião, a CPRH apontou que 61 municípios ainda não cumprem com a destinação adequada dos resíduos sólidos, com a maioria deles localizada nas regiões do Sertão do Araripe, Sertão do Pajeú e Agreste Setentrional. Em contrapartida, 123 municípios e o Distrito Estadual de Fernando de Noronha já atendem à legislação.

“Em 2020 o Ministério Público realizou 25 acordos de não persecução penal com prefeitos para garantir o encerramento dos lixões. Esse tipo de instrumento estabelece uma série de providências que devem ser adotadas pelos gestores municipais para encerrar o cometimento dos crimes ambientais e garante que, ao cumprir o que foi acordado, o prefeito não será processado criminalmente. Queremos, agora em 2021, retomar esse diálogo com a lista de municípios que ainda não estão cumprindo a legislação e ter conhecimento das alternativas técnicas que estão sendo estudadas pela CPRH e Semas vai nos auxiliar bastante a conseguir celebrar acordos com mais prefeitos”, detalhou a coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente (Caop Meio Ambiente), Christiane Roberta Santos.

Com base nesse levantamento, que mapeou a situação do descarte de resíduos sólidos no mês de abril de 2021, o presidente da CPRH, Djalma Paes, ressaltou que a prioridade é “estimular a criação de aterros sanitários regionais, de modo a oferecer soluções compartilhadas entre os municípios”, afirmou.

Já a assessora técnica da Procuradoria-Geral de Justiça, promotora de Justiça Érica Lopes, salientou que o acesso do MPPE a laudos de vistoria atualizados dos lixões existentes em todo o Estado é um elemento essencial para o efetivo diálogo com os prefeitos.

Outro ponto levantado como relevante para a negociação entre os órgãos de fiscalização e os municípios é o repasse do ICMS Verde, que são recursos estaduais destinados aos municípios que preenchem requisitos de políticas socioambientais. Segundo o diretor de Controle de Fontes Poluidoras da CPRH, Eduardo Elvino, é importante esclarecer os gestores municipais sobre o peso dessa nova fonte de receita, que poderia ser usada para custear parcial ou mesmo totalmente as práticas de destinação adequada dos resíduos sólidos.

Em continuidade à reunião do dia 20, o superintendente de Meio Ambiente da Semas, Bertrand Sampaio de Alencar, apresentou na tarde de ontem (27) algumas propostas de arranjos institucionais consorciados para a destinação final dos resíduos sólidos nas três regiões mais críticas, que não contam com aterros licenciados para receber o material descartado pelos municípios. Com a criação dos aterros regionais, seria possível viabilizar a construção de equipamentos sustentáveis, com geração de renda por meio da prestação de serviços aos municípios, exploração de biogás e venda de material reciclável.

“Esse esforço conjunto deve ser mantido. O cenário que temos hoje é melhor que o dos últimos cinco anos e entendo que a solução dos consórcios deve ser apresentada pelo Ministério Público quando houver a proposta dos acordos de não persecução com os prefeitos”, complementou o superintendente.

Como não há aterros sanitários licenciados em todas as áreas de Pernambuco, a consolidação desses arranjos exige a adoção de soluções para o problema da distância entre as cidades e os aterros mais próximos, que em muitos casos superam os 100 quilômetros, gerando altos custos de transporte dos resíduos sólidos.

Uma alternativa viável é o estímulo das atividades de reciclagem dentro dos municípios, a fim de reaproveitar metais, plástico e vidro e diminuir o volume de rejeitos que precisam ser transportados até a destinação final.

“A criação de unidades de transbordo e triagem dos resíduos ajuda a absorver o trabalho dos catadores de material reciclável e reduz o volume de rejeitos, o que não somente diminui os custos de transporte como aumenta a vida útil dos aterros já existentes”, defendeu a engenheira ambiental Anna Eduarda Falcão, da CPRH.

Ao fim da reunião, o TCE-PE ainda se disponibilizou a convidar os técnicos do Caop Meio Ambiente para participar da próxima capacitação a ser realizada pelo órgão sobre a temática da destinação adequada dos resíduos sólidos. Esses treinamentos são feitos regularmente e têm como público-alvo os servidores dos órgãos ambientais dos municípios pernambucanos.

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