Setor de eventos pede planejamento emergencial do Governo do Estado

Por Rafael Santos 25/01/2021 07:19 • Atualizado 25/01/2021
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As flores da decoração são plantadas com semanas de antecedência; Um bolo pode chegar a 48h de preparo na cozinha; Os ingredientes do bufê vem de diversos lugares do Estado, País e até do Mundo. Toda a montagem da estrutura depende de logística de frete, pessoas e espaço. Qualquer atividade de um evento foi, definitivamente, pensada dias antes do evento. E, para um setor onde o planejamento é essencial, as surpresas não são bem-vindas. É o que afirma a presidente estadual da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC), Tatiana Marques, ao avaliar a proibição, a partir de hoje, de eventos corporativos e sociais no Estado de Pernambuco. 

A medida, que foi anunciada na semana passada, entra em vigor em meio a um descontentamento do setor, que alega não ter recebido um plano emergencial do Governo para lidar com os efeitos desta nova suspensão de atividades. Entre as reivindicações de Tatiana Marques estão a falta de diálogo do Governo com o setor na hora de se tomar as decisões e o pedido de um planejamento emergencial para os milhares de profissionais que atuam nesta cadeia produtiva e contribuem diretamente para o fomento do turismo em Pernambuco.


Suspensão de atividades

“Nós avaliamos de uma forma um tanto quanto surpresos. Surpresos e decepcionados. Porque nós estávamos cumprindo os protocolos, nos eventos das pessoas, dos profissionais que são responsáveis. E eventos como casamentos, encontros de empresas, de negócios e foi de uma forma abrupta. Então nos surpreendeu negativamente, porque nós achávamos que o melhor caminho, o caminho mais adequado quando a gente vai dar um susto, vamos dizer, puxar o tapete, se avisa. Avisa, deixa a gente se segurar, evita um transtorno maior. Não é que avisando não fosse acontecer o transtorno. Mas o transtorno seria menor”

Planejamento

“O planejamento de um evento é a parte principal dele. É a parte principal porque as estratégias são montadas e elas acontecem no planejamento. E a despesa maior de um evento para o cliente também é no planejamento. A maior despesa para o cliente não é no dia do casamento. A maior despesas, o maior custo, o maior esforço que ele tem é para o casamento. E no planejamento. E veja só é no planejamento que se faz a harmonização do evento. É no planejamento que a gente contrata os profissionais de trabalho. Para que no dia do evento, possa acontecer tudo dentro do objetivo do cliente. […] Então se a gente tivesse tomado conhecimento que dali a 15 dias os eventos seriam suspensos, dali a 10 dias os eventos seriam suspensos. Nós teríamos feito duas coisas importantes: uma delas é o diálogo com o nosso cliente para que ele pudesse ser preparado psicologicamente e emocionalmente para o cancelamento do evento. A questão dos profissionais como segundo ponto. O planejamento financeiro deles, eles saberiam sobre seu próprio orçamento” 

Setor produtivo

“Nós nos sentimos feridos na nossa imagem enquanto setor produtivo. Porque nós empregamos, nós pagamos impostos, nós geramos renda e nós somos impulsionadores do turismo. Se acontece um evento você movimenta positivamente toda a cadeia produtiva. Uns eventos proporcionam mais e outros menos, mas nenhum deixa de proporcionar. E não só no turismo onde nós integramos diretamente a cadeia produtiva, mas hoje existe um estudo levantado que mostra que nós já ultrapassamos 56 cadeias produtivas. […] A gente tem que pensar que o evento é uma atividade produtiva que interage em todas as camadas sociais. Da mais pobre à mais rica. Na hora que você cancelar e a pessoa que quiser reaver esse dinheiro com um profissional, o profissional vai ter esse dinheiro de imediato. Então o transtorno para o cancelamento é grande”

Segurança

“A melhor forma é seguindo os protocolos de segurança sanitária que foram construídos, estudados e aprovados. Eles foram chancelados. A contribuição que a Abeoc deu ao Estado, nós pagamos, cortando na carne como se diz, conseguimos a chancela do hospital das clínicas de São Paulo. Centro de referência mundial. Como se tem protocolo sanitário na padaria, no shopping, no mercado, no escritório. Então o que nós pedimos ao governo é que ele fiscalize bem o setor de eventos ou de qualquer outro setor. Que não esteja cumprindo as normas de segurança sanitária, que sejam punidos. Sejam responsabilizados por isso. Mas não chegar e puxar o tapete de uma categoria inteira. Que já venha de 10 meses de muito sofrimento. Já tinha tido uma redução de pessoas. De repente anuncia que a partir de segunda-feira não se tem mais. Como se fosse uma loja que você abre e os clientes entram para comprar”

Futuro

“Tivemos uma reunião virtual um dia depois da suspensão e apresentamos para eles duas solicitações principais. A primeira é um auxílio emergencial para os profissionais de eventos porque até então os auxiliares e as pessoas de menor renda, elas contavam com um auxílio do governo federal e esse auxílio do governo federal permitia que eles comprassem comida, que pagassem a luz, a água. Então nós pedimos um auxílio emergencial de imediato. Segundo, uma linha de crédito rápido e de fácil acesso para o empreendedor e para os micro e pequenos empresários. Para que eles possam sobreviver. À medida que cada empresa vai à falência, você está destruindo empregos e quando você destrói empregos, você destrói a subsistência de famílias. Se você tira o trabalho da mãe da pessoa que gere a família, você não vai oferecer nada em troca? Qual é a alternativa que o governo vai oferecer ao setor? Uma coisa que está tendo confusão grande é que a Lei Aldir Blanc foi para o setor. Isso é um equívoco. A lei Aldir Blanc que é do governo federal ele foi administrado pelo Estado e repassado aos municípios para as pessoas que se inscreveram, mas são projetos culturais, de artistas, produtores, não são projetos de eventos”.

Folha de Pernambuco

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