Lixão de Timbaúba ainda alimenta e sustenta famílias

Por Rafael Santos 17/06/2016 12:37 • Atualizado 17/06/2016
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lixão_timbaLixo, urubus e casas de papelão. Esse é o cenário do lixão de Timbaúba, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, onde vivem cerca de nove famílias. Todas tiram o sustento do material encontrado e se alimentam do resto de comida jogado fora.

As famílias moram praticamente dentro do aterro, em casas cobertas por lona plástica e papelão. A rotina depende dos caminhões de lixo, que chegam constantemente trazendo tudo que foi descartado pelas ruas da cidade.

Em meio à montanha que se forma e aos urubus que se aproximam, os catadores se juntam e dão início às atividades de rasgar sacos. Madalena da Conceição, uma das mais antigas no local, procura material reciclado e comida.

“Eu consegui sacola, plástico, alumínio e comida. Quando vem comida eu pego, como cabeça de inhame, batata… cato e levo para casa, que eu não vou morrer de fome”, desabafou. Com uma sacola congelada na mão, ela mostra o que acabou de conseguir: “Encontrei couro de galinha. Eu escaldo e faço. Já garanti a comida da noite”.

lixão_timba1A realidade de Dona Madalena é a mesma das outras famílias. Em cada abordagem, a história se repete: o lixo é a única fonte de sustento. “Eu sou cadastrada há 8 anos aqui. Estou com idade avançada, é difícil conseguir emprego”, contou outra catadora.

Quando escurece, as famílias voltam para as casas e esperam o dia terminar. Sem energia elétrica, os candeeiros são acesos e a comida preparada em um espaço que seria o “quintal” da residência. Dona Madalena, após encontrar inhame e os couros de galinha, prepara a comida em um balde fruto das buscas no meio do lixo.

No cercado, chamado de casa, ela mora com o marido. De acordo com Madalena, quando chove, a estrutura do imóvel não sustenta e a água entra. Apenas um local não molha, justamente onde ela conseguiu improvisar uma cama.

“Esse é o canto que eu durmo. O único que não molha quando chove. Minhas roupas estão aqui, coberta com o plástico, mas molhada. Estou esperando um dia de sol para estender”, contou Dona Madalena, que divide essa situação sub-humana com as outras oito famílas.

Um projeto de lei aprovado em 1º de julho de 2015, no Senado Federal, prorrogou para junho de 2021 a erradicação total dos lixões no Brasil. O texto estabelece datas diferenciadas de acordo com a Região Metropolitana e o número de habitantes de cada cidade. No caso de Timbaúba, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, que tem pouco mais de 53 mil habitantes, a Prefeitura tem até 2020 para criar um aterro sanitário.

RESPOSTA: Através de nota, a Prefeitura do município informou que há 4 meses foi ao local para convencer as famílias a saírem do lixão, mas não tiveram sucesso. De acordo com eles, algumas famílias possuem moradia em Programas Sociais, mas mantém estruturas para se abrigarem nos períodos de maior despejo do lixo.

Essa situação só não ocorre com o caso de Madalena da Conceição, que, junto com o marido, não possui moradia fixa. Segundo a nota, a Secretaria de Assistência Social já tentou inscrevê-los no Programa Federal Minha Casa, Minha Vida, mas os dois não conseguiram apresentar os documentos necessários.

O casal foi convidado a receber um auxílio-moradia e doação de colchões e cestas básicas, mas não se readaptaram à vida fora do lixão e deixaram de aceitar as doações. Foi criada uma Associação de Catadores para retirar os moradores do local, mas muitos resistem. Ainda segundo a Prefeitura, foram tomadas medidas solicitadas pelo Ministério Público como a instalação de cerca de isolamento, que foram destruídas pelas pessoas que vivem no lixão.

Da TV Jornal

 

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