No Brasil, são realizadas cerca de mais de 60 mil cirurgias bariátricas por ano, e por mais que o procedimento seja seguro, é preciso falarmos dos cuidados pós-cirurgia que devem ser tomados para evitar complicações e efeitos colaterais.
Atualmente existem duas técnicas de cirurgias bariátrica mais comuns:
1 – Sleeve ou manga, que consiste na retirada de parte do estômago sem alterar o intestino. É comumente recomendada para pacientes que apresentam um quadro menos grave de obesidade.
2 – Bypass, que representa mais de 70% das cirurgias no Brasil e consiste na redução do estômago com cortes ou grampos, fazendo uma alteração no intestino para reconectá-lo à parte do estômago que irá permanecer funcional.
O que mais interfere no processo pós-cirúrgico da bariátrica é o modo como a cirurgia é feita, que pode ser de duas formas:
- Por laparoscopia: minimamente invasiva, feita por meio de uma pequena incisão no abdômen
- Aberta através de um corte de 30 centímetros.
Os cuidados acabam sendo os mesmos, mas no caso do método aberto, por ser mais invasivo, exige que o paciente fique em repouso por mais tempo para que a cicatrização seja feita corretamente.
As cintas ou faixas abdominais também são indicadas para os casos abertos por um período que é indicado pelo médico especialista para evitar que os pontos se soltem.
Quais são os principais cuidados pós-cirúrgicos da cirurgia bariátrica?
Nos primeiros dias, o maior desafio do paciente é conciliar nutrição e hidratação adequadas para um estômago cuja capacidade passou a ser muito mais reduzida. A quantidade de água, por exemplo, de dois a três litros por dia, é um ponto importante, pois devem ser ingeridas em porções muito pequenas tomadas várias vezes ao longo do dia.
No que tange à alimentação, o paciente deve seguir a dieta líquida durante 15 dias, passando para uma dieta pastosa ou branda até receber a liberação para a dieta sólida (esse tempo costuma ser de 30 dias).
Alimentos açucarados, junto com os muitos gordurosos e calóricos devem ser evitados por um bom período após a cirurgia, pois podem levar à chamada síndrome de dumping.
O dumping acontece quando esse tipo de alimento passa rapidamente do estômago para o intestino, trazendo uma sensação de mal-estar, suor, enjoo, diarreia, sono e coração disparado.
Assim como o dumping, outros alimentos também podem trazer dificuldades na hora da digestão, como a carne vermelha. Por isso a necessidade de se adequar um cardápio que tenha as proteínas e minerais necessários para o corpo.
O paciente também não deve fazer grandes esforços durante seis semanas. Entretanto, muitos confundem isso com uma recomendação para não se movimentar, o que não é verdade. Pelo contrário, é essencial se manter ativo e fazer leves caminhadas.
É importante frisar que o acompanhamento pós-cirúrgico deve ser criterioso, principalmente para as mulheres, pois a alteração da absorção de nutrientes pode ser tanta que surge o risco da perda de sangue da menstruação causar anemia.
Recomenda-se, por exemplo, que as pacientes suspendam a menstruação antes da cirurgia com DIU ou anticoncepcional. Essa suspensão é indicada até para mulheres que queiram engravidar, indicando o aguardo de pelo menos 15 meses para iniciar um processo de engravidamento e consultar o médico antes de uma gestação.
A saúde mental também está envolvida nas cirurgia bariátrica. O sobrepeso pode gerar consequências psicológicas anteriores que a cirurgia não vai resolver. Por isso, o acompanhamento psicológico e psiquiátrico é essencial antes e depois do procedimento.
O impacto na mudança da alimentação também não deve ser deixado de lado. Pacientes que passam pela cirurgia possuem um risco maior de automutilação, o que inclui traumas físicos, envenenamento e overdose de medicamentos e de álcool.
Reganho de peso após a bariátrica também não é incomum, o que atesta a importância de praticar exercícios e seguir um acompanhamento multidisciplinar com nutricionista, endocrinologista, gastroenterologista, psicólogo e outros.

A administração dos níveis de vitaminas e minerais também é importante já que, após a cirurgia, a absorção costuma não ser mais tão completa. Ferro e vitaminas B e D costumam ser suplementadas no primeiro mês, e a partir do segundo mês costuma-se prescrever um polivitamínico que deve ser tomado durante a vida.
Essas vitaminas são importantes
para que o paciente não desenvolva problemas como anemia, fraqueza, dor muscular e óssea. Para tal, exames anuais devem ser feitos para acompanhar os níveis de nutrientes.
Ainda existem outras condições que devem ser acompanhadas, como a hérnia de disco, principalmente nas cirurgias abertas que fragilizam a parede interna do abdômen e podem ocasionar hérnias incisionais, ou, em alguns casos, o volvo gástrico ou uma torção do intestino, que pode obstruir a passagem de alimentos ou fezes.
Como vimos, a cirurgia bariátrica, como qualquer outra, implica em alguns riscos que devem ser monitorados no processo pós-cirúrgico. E apesar dos muitos cuidados, a cirurgia é a melhor saída para reduzir os riscos de doenças oriundas da obesidade, como câncer, infarto, hipertensão e diabetes.