Em tempos de crise econômica, o Governo de Pernambuco contabiliza mais uma importante conquista, social e financeira, no setor fármaco. Depois do governador Paulo Câmara ter recentemente anunciado o investimento de R$ 500 milhões da Aché na implantação de uma planta industrial e uma central de distribuição no Complexo de Suape – além de atrair outras indústrias para o pólo farmacoquímico, como a fábrica da Biomm, o que deverá tirar o país da dependência de importação de insulina –; a boa notícia, na produção de medicamentos, vem do Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco Governador Miguel Arraes (Lafepe).
A unidade pernambucana está prestes a comemorar o pioneirismo, no setor público, na conclusão de todas as etapas de uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP). Trata-se de parceria que envolve a cooperação entre instituições públicas e privadas para o desenvolvimento, transferência e absorção de tecnologia, produção, capacitação produtiva e tecnológica do país em produtos estratégicos para atendimento às demandas do Sistema Único de Saúde (SUS).
No Lafepe, o procedimento reconhecido pelo Ministério da Saúde (MS) e realizado em parceria com um laboratório privado encontra-se em processo de internalização. Isso significa que, em meados de 2017, o Lafepe dará início à produção dos antipsicóticos Clozapina (comprimido de 25mg e 100mg), Quetiapina (comprimido revestido de 25mg, 100mg e 200mg) e Olanzapina (comprimido revestido de 5mg e 10mg).
Com a internalização das PDP´s, a produção de medicamentos do Lafepe passará dos atuais 100 milhões de comprimidos, por ano, para 270 milhões. Vale destacar que esses números devem crescer ainda mais com a implantação, em 2017, de duas novas PDP´s na linha de antirretrovirais: Ritonavir comprimido de 100mg termoestável e Tenofovir 300mg + Lamivudina 300mg. Outras PDP´s estão sendo negociadas com o Ministério da Saúde.
“Aos poucos, estamos recuperando nossa capacidade produtiva”, comemora o diretor-presidente do Lafepe, Roberto Fontelles. Ele lembra que, em junho último, o laboratório voltou a produzir, sem restrições, o Benznidazol, medicamento usado no tratamento do Mal de Chagas. Esse novo cenário deve-se à conquista da Certificação de Boas Práticas de Fabricação (CBPF) para a fábrica de comprimidos, concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Em julho, liberamos para o Ministério da Saúde o primeiro lote de Benznidazol produzido pelo Lafepe, contendo 250 mil comprimidos”, frisa Fontelles. Já em agosto, foi liberado um lote de 9 mil comprimidos (100mg adulto) do mesmo medicamento para a Masters, empresa responsável pela distribuição de medicamentos para o mercado internacional. Desse montante, 7 mil comprimidos foram para os Estados Unidos e os 2 mil restantes para a França. “O Lafepe detém matéria-prima suficiente para produzir 2 milhões e 400 mil comprimidos de Benznidazol, num período de dois anos”, antecipa o diretor-presidente.
Único laboratório público no mundo a produzir o Benznidazol, o Lafepe fornece o medicamento exclusivamente para o Ministério da Saúde e entidades humanitárias internacionais, responsáveis pela distribuição junto à população. O mesmo acontece com os antipsicóticos e os antirretrovirais que fazem parte do portfólio do laboratório pernambucano.
Histórico – O Lafepe foi criado em 1965, com o intuito de produzir medicamentos de qualidade e a baixo custo. Desde então, desenvolve, produz e comercializa medicamentos e óculos, atendendo às políticas de saúde pública. Está entre os cinco maiores laboratórios oficiais do Brasil, em produção e faturamento. Atualmente, são 100 milhões de comprimidos produzidos por ano; devendo fechar 2016 com, aproximadamente, R$ 300 milhões, dos quais 98% são provenientes dos contratos com o MS.
O Lafepe é uma sociedade de economia mista, com autonomia administrativa e financeira, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde (SES). Seu portfólio inclui antirretrovirais, antipsicóticos, anti-hipertensivo, antiparasitário e saneante. Além do Benznidazol, também produz com exclusividade, no país, a Zidovudina na apresentação xarope e Didanosina pó para suspensão, utilizados no tratamento de crianças portadoras do vírus HIV.