Exposição comemora centenário da Diocese de Nazaré

Por Rafael Santos 29/05/2018 10:26 • Atualizado 29/05/2018
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Neste ano em que a Igreja de Nazaré comemora o seu Jubileu Centenário, a cidade de Nazaré da Mata, sede da Diocese, entra na rota dos pontos turísticos da Zona da Mata Pernambucana. A Exposição “100 Anos de Vida e Missão”, na Igreja do Bom Jesus dos Passos, é um dos marcos deste Ano Jubilar. À primeira vista, uma igreja comum: pequena, simples e convidativa à oração como qualquer outra. Mas com algo de peculiar: comporta um patrimônio de fé que remonta um século de existência.

“A Diocese entoa, jubilosa, um hino de louvor de gratidão à Trindade e à Virgem Imaculada, por Cem Anos de Vida e Missão”.

A curadoria foi do padre José Ramos, vigário da paróquia de Santo Antônio, em Carpina-PE, que idealizou o projeto e realizou pesquisas bibliográficas e de campo para a construção desse rico trabalho visual. No acervo, encontram-se imagens e fotografias (de paróquias, sacerdotes, bispos, figuras públicas e religiosas, acontecimentos históricos, realidades culturais etc.) que revestem – com material adesivo, painéis e quadros – toda a parte interna da capela, e estabelecem uma inseparável e bem arquitetada conexão entre Igreja e sociedade, fé e cultura, homem e Deus.

“Eu pensei em um ambiente onde você discute, interpreta e tem uma visão ampla do que Deus fez nesta Diocese, durante esses 100 anos”, explicou o curador.

O local atualiza e enaltece a história da Diocese de Nazaré, e faz ressurgir fatos, lugares e pessoas que teceram esse patrimônio espiritual durante o século de sua criação. Papas, bispos, padres, diáconos, religiosos(as), líderes mundiais, leigos(as), movimentos e pastorais; todos são lembrados. Uma bela homenagem à igreja, corpo de Cristo, que milita, no tempo e no espaço, em estado permanente de missão.

A exposição
Na estrutura frontal da igreja, uma grande faixa – estendida de cima a baixo – prenuncia um elemento diferenciado naquele ambiente sagrado que, neste momento festivo, guarda e eterniza a memória de fé construída ao longo dos 100 anos dessa Igreja Particular.

“Tive um sonho como uma fotografia;
Vi Jesus Cristo descer à terra (…)
Hoje vive na minha aldeia comigo. (…)
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas,
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas”.

Este trecho do poema ‘O guardador de rebanhos’, de Fernando Pessoa, está adesivado ao chão. É o tapete de boas-vindas que, já na entrada, convida a um ‘olhar devagar’ para os elementos iconográficos presentes no lugar, repletos de vida, de cores, formas e sentido. A proposta é introduzir e inspirar o olhar do visitante para os detalhes da exposição, a fim de que não se entre sem um propósito; uma vez que o importante não são as coisas em si, mas como elas se conectam e evidenciam esse período tão singular que marca a história da Diocese de Nazaré.

No piso central da capela, um mapa que apresenta o contexto geográfico da Igreja de Nazaré, composta de quatro regiões pastorais: Timbaúba, Carpina, Limoeiro e Surubim. Nas paredes laterais da nave da igreja, fotografias de todas as paróquias e áreas pastorais que compõem essa circunscrição eclesiástica, como ações evangelizadoras inseridas em realidades e expressões culturais, socioeconômicas e religiosas típicas da Zona da Mata, e parte do Agreste e Litoral Pernambucano: igrejas barrocas, maracatus, fome, seca, algodão, barro, cana de açúcar, engenhos, gado, São João, ex-votos etc. Todos esses aspectos são representados por imagens que estão na base dessas laterais, como o chão onde nasceu e floresceu a Igreja de Nazaré.

No centro dessas paredes laterais, têm-se fotos dos atuais padres da Diocese, como sinal de homens que estão no meio do povo e a serviço deste mesmo povo, ajudando a construir toda a riqueza dessa expressão de fé que constitui o território diocesano de Nazaré. E no topo (ainda das paredes laterais), grandes painéis que sinalizam as respostas que a Igreja precisa conceder às mais diversas realidades mundiais com as quais coexiste e dialoga: guerras, revoluções, tecnologias, intolerância, esportes e lazer, juventude, política, miséria e abandono.

No presbitério, fotografias e um breve currículo dos oito bispos que governaram a Diocese de Nazaré, durante o século de sua existência: Ricardo Ramos de Castro Vilela (1919 – 1946); Dom Carlos Gouvêa Coêlho (1946 – 1955); Dom João de Souza Lima (1955 – 1958); Dom Manuel Pereira da Costa (1959 – 1962); Dom Manuel Lisboa de Oliveira (1963 – 1986); Dom Jorge Tobias de Freitas (1987 – 2006); Dom Frei Severino Batista de França, OFMCap. (2007 – 2015); Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena (2016 – em exercício). Cada um deles marcou este território com o testemunho de sua caridade pastoral, deixando uma rica herança de vida eclesial.

Menções ao Concílio Vaticano II e as constituições dele provenientes, bem como as conferências realizadas na América Latina, também foram registradas na exposição, que referencia o Santo Padre, o Papa Francisco, com as suas temáticas cada vez mais abrangentes e sempre atuais da “cultura do encontro” e de uma “Igreja em saída”.

Além disso, o corredor lateral da igreja do Bom Jesus é uma homenagem (ecumênica) a grandes líderes mundiais, regionais e locais (Dra. Zilda Arns, Gandhi, Martin Luther King, Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Frei Damião, Padre Cícero, Dom Helder Câmara, Padre Luís Cecchin, Mons. Jonas) e às mais diversas Congregações, novas comunidades, grupos, movimentos e pastorais presentes na Diocese de Nazaré, como frutos e construtores dessa história.

“Aqui a gente quis mostrar esse rosto, essa extensão missionária da Igreja, a partir do trabalho conjunto e generoso desempenhado por sacerdotes, religiosos(as) e leigos(as)”, revelou o Pe. José Ramos.

Ao referir-se à Exposição, o bispo diocesano, Dom Francisco Lucena, expressou que é “tempo de graça, tempo de fazer memória do caminho percorrido, perscrutar o horizonte do futuro e abrir-se às novas interpretações que o Espírito Santo quer suscitar nesta Igreja jubilar”.

A exposição foi inaugurada no dia 02 de agosto de 2017 e segue até setembro do corrente ano. As visitações podem ser realizadas de quarta a domingo, das 8h às 13h. Visitas em grupo podem ser agendadas na Cúria Diocesana, através do telefone (81) 3633-1009.

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