A educação superior sofreu muitas transformações nos últimos 12 anos no Brasil. Para se ter uma ideia, em meados da década de 1980, apenas 11% dos jovens de 18 a 24 anos estavam inseridos nas universidades, o que não mudou muito nos anos 90 diante das enormes dificuldades das instituições de públicas. Esta realidade naturalmente foi diminuída com a proliferação e expansão de instituições de privadas que possibilitaram maior acesso de alunos aos cursos de nível universitário. Apesar deste crescimento da rede privada, a rede pública também aumentou consideravelmente em função de diversos programas como o Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), que trouxe um expressivo desenvolvimento não somente das universidades federais, mas também de campi no interior do país (de 45 para 59 universidades federais e elevação de 114 para 272 o número de municípios atendidos por universidades federais). Mas, uma interrogação paira no ar: isto significa que estamos no caminho certo? “A dinâmica e a velocidade cada vez maior das mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais da sociedade moderna, nos leva a reflexão sobre a educação na atualidade, sobretudo, a educação superior”, comenta o professor Belmiro Vasconcelos, que atua como docente há 25 anos na Universidade de Pernambuco, que considera questões importantes a serem debatidas atualmente.
E não a toa, pois o cenário atual aponta ainda muitas dificuldades para quem consegue aprovação em uma universidade poder adquirir um ensino de qualidade. “O sistema de educação superior enfrenta graves problemas que precisam de soluções inteligentes e viáveis, esse modelo fragmentado, feito como uma linha de montagem com centros de saber separados uns dos outros, que vive isolada e se recusa a ler o presente mostra a necessidade de uma reflexão. Isso é grave, pois, é da universidade que saem os profissionais que vão atuar em todos os segmentos sociais”, destaca.
Uma discussão muito oportuna em meio a anúncios recentes, por exemplo, sobre o descredenciamento de 28 instituições de ensino superior. “O nosso ensino superior, em grande parte das universidades, enfrenta atualmente grandes problemas e desafios motivados por diferenças regionais, pressão por aumento de vagas, contribuição para o desenvolvimento tecnológico e inovação, necessidade da pesquisa, elevação dos padrões de qualidade, conquista da autonomia didático-administrativa e financeira, qualificação docente, empregabilidade dos formandos e egressos entre outros”, reforça Belmiro, que participa à tarde e à noite esta terça (dia 09) de debate nos Campus da Universidade de Pernambuco na Mata Norte.
Professor e ex-diretor da FOP (Faculdade de Odontologia), ele considera fundamental primar pela valorização da força de trabalho da instituição de ensino, através inclusive da melhoria da infraestrutura instalada e qualificação da assistência estudantil, em consonância com as políticas de desenvolvimento do Estado de Pernambuco. Mudanças que ressalta, inclusive, serem fundamentais para a própria Universidade de Pernambuco, para a qual concorre em campanha para eleição à Reitor ao lado do professor Mauro Virgílio Barros (candidato à Vice-reitor). “A Universidade de Pernambuco passa por um momento delicado e necessita se reestruturar, particularmente em relação à necessidade de maior valorização da sua força de trabalho e de melhorias na sua infraestrutura. Para nós, valorizar os docentes é, entre outras coisas, dar chance ao mesmo de se qualificar ainda mais, trazendo o conhecimento aonde ele é necessário”, comenta.
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