Expressão maior das manifestações culturais da região, o maracatu rural está presente em vários municípios. Nazaré da Mata possui a maior quantidade desse folguedo – 30 grupos – e, por isso, recebeu o título de “capital do maracatu”. Na cidade, há mais de 20 anos, é realizado o tradicional encontro de maracatus rurais, sempre na segunda e terça-feira de carnaval. Uma atividade também já garantida dentro da programação do Festival Canavial.
Faz parte da tradição desta brincadeira ver, antes das apresentações, a preparação do corpo para carregar toda a indumentária, os caboclos saem solitários pelas ruas batendo surrão. O som dos batidos dos chocalhos logo cedo na manhã do último domingo (16) pelas ruas da cidade já anunciavam a programação do dia, o Encontro de Maracatu Rural. Foram quinze maracatus para apresentação: Maracatu Águia Dourada de Nazaré da Mata; Maracatu Estrela de Ouro de Aliança; Maracatu Leão Misterioso de Nazaré da Mata; Maracatu Cambinda Brasileira de Nazaré da Mata; Maracatu Estrela de Tracunhaém; Maracatu Estrela Dourada de Buenos Aires; Maracatu Leão Mimoso de Aliança; Maracatu Pavão Misterioso de Upatininga, Aliança; Maracatu Leão Misterioso de Tracunhaém; Maracatu Leão da Mata Norte de Tracunhaém; Maracatu Leão Tucano de Nazaré da Mata; Maracatu Coração Nazareno de Nazaré da Mata; Maracatu Leão da Selva de Nazaré da Mata; Maracatu Cambinda de Ouro de Nazaré da Mata; Maracatu Leão da Serra de Vicência.
Na capital do Maracatu não dava para ser diferente, um encontro repleto de gente para admirar a maior expressão cultural do município, cerca de 2000 mil pessoas. No meio da tarde, o público já tomava conta das arquibancadas do Parque dos Lanceiros, um programa que garantiu a participação de toda família: avós com seus netos, pais e filhos. No espaço, as crianças brincavam enquanto os caboclos de lança chegavam para concentração de seus maracatus.
A primeira apresentação ficou por conta do Maracatu Coração Nazareno de Nazaré da Mata, formado só por mulheres, desde 2004, abriu os versos com a Mestra Gil, mostrando que aquele também é um espaço feminino para perpetuar a tradição. E não deixou a desejar. Entre as integrantes, estava uma família de brincantes: D. Rita Benedita (59 anos) que brinca de baiana; a filha Cristiane de Freitas (32 anos) que é artesã do maracatu e brinca de cabocla de lança; e a neta Daysielle Thamires (13 anos) que toca no terno. Há três anos a família brinca unida, ambas participam das atividades da Associação de Mulheres de Nazaré da Mata (Amunam) e foram convidadas a participar. A primeira a entrar no grupo foi a neta Daysielle, logo em seguida a mãe Cristiane e depois a avó D. Rita, que afirma: “Vi elas no carnaval e entrei para brincar, gostei e agora vou até Jesus deixar”. Ao falar sobre a alegria que é brincar em família, ressaltou sobre a importância da continuidade da tradição: “Temos que levar a cultura prá frente, agora até meu neto quer brincar”.
Nesse clima de encontro familiar seguiu todo o encontro, várias crianças brincavam imitando os caboclos que se apresentavam, outras tinham seu primeiro contato com essa brincadeira. Teve também quem veio de mais longe para sentir novamente a emoção de ver o maracatu, como Seu Romeu Galdino (55 anos), técnico de fotografia, natural de Nazaré da Mata.
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