As quatro adolescentes entre 12 e 16 anos que passaram quatro dias desaparecidas e foram localizadas no último sábado, em Carpina, foram ouvidas, nesta segunda-feira, pela delegada do Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), em Jaboatão dos Guararapes, Vilaneida Aguiar. As meninas contaram que sentiram fome, sede e medo. E, desde o segundo dia queriam voltar, mas estavam sem dinheiro e temiam ser punidas pelos pais.
O sonho era conhecer São Paulo, mas não chegaram a ultrapassar os limites do estado. O mais próximo disso foi o ônibus da linha Jardim São Paulo. “Elas pensavam que estavam indo para São Paulo, mas como o ônibus parou em um bairro, pegaram o metrô e foram até a última estação em Camaragibe”, revelou a delegada.
A polícia investiga se houve ou não a participação de algum adulto no sumiço das meninas e, se nesse intervalo, elas foram vítimas de algum crime. Tainá Cecília Rufino, de 12 anos, Ana da Costa, 13, Micaela Maria do Nascimento, de 16 anos, e Jamile Melo Delgado, de 12 anos, saíram juntas no início da tarde da última terça-feira dizendo que iriam para a escola, mas aproveitaram para fugir. Após descer do ônibus da linha Jardim São Paulo, elas pegaram o metrô e foram até a última estação em Camaragibe. De lá, conseguiram chegar até Carpina pegando carona. “Uma delas tem um parente na cidade, mas elas não levaram o endereço. Elas ficaram numa praça chorando e uma mulher evangélica fez a acolhida delas e um popular ligou para a delegacia no sábado para avisar que elas estavam lá”, contou a delegada.
Ainda no sábado, as meninas foram ouvidas, mas a delegada percebeu contradições no depoimento delas e solicitou uma nova ouvida. Ainda segundo a delegada, as quatro levaram celular, mas desligaram os aparelhos. Mesmo assim, uma se comunicou com um irmão de uma delas pelo facebook e pediu ajuda. “Ela contou que estava em Carpina, mas ele não acreditou e disse que era muito longe e que a polícia estava atrás delas”, detalhou Vilaneida Aguiar.
As meninas foram para a delegacia na companhia dos pais e outros familiares. O pai de Tainá, José Roberto da Silva, 52 anos, que desde o sumiço da filha não trabalhava, resumiu o sentimento do reencontro. “Um grande alívio. Não teve um lugar em Prazeres (bairro de Jaboatão), que eu não tenha procurado. A mãe só chorava. Nem meus filhos homens fizeram o que essa menina fez com 12 anos. Graças a Deus, depois à polícia e à imprensa, que ela está em casa novamente”, desabafou o pai. “Trabalho para não faltar nada para meus filhos. O quarto dela parece uma suite. Tudo na cerâmica e bem arrumado. Sempre fui carinhoso com os meus filhos, espero que ela não faça mais isso”.