Há mais de cem anos, a tradição da poesia oral tem se mantido viva e pulsante dentro da cultura do maracatu de baque solto, brincadeira popular reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil. Para celebrar esse legado, mestres e contramestres, de diferentes nações de maracatus rurais da região da Zona da Mata Norte do Estado, participam, neste sábado, dia (24), d0 7º Encontro Regional de Mestres de Maracatu da Mata Norte, que será realizado na Travessa São José, localizada no bairro do Sertãozinho, ao lado da Capelinha de São José.
Na ocasião, 20 mestres, considerados guardiões da palavra, vão se revezar em uma noite de festa, cultura, diversão e muita alegria até às 5h da manhã do domingo, dia 25. Ao todo, serão nove horas de evento gratuito, realizado ao ar livre, para o público. Destaque para abertura com a participação especial do Bloco Rural Estrelinha e do Terno do Maracatu Águia Dourada, ambos de Nazaré da Mata. Esta é a primeira vez que a iniciativa conta com apoio da Secretaria de Cultura, Fundarpe e Governo de Pernambuco, por meio dos recursos do Funcultura.
O mestre de maracatu é uma figura essencial e reverenciada, e que desde que surgiu na brincadeira tem sido o coração e a voz. Trajando chapéu estilo modelo panamá, camisa colorida, calça, sapato fechado, apito e bengala, a figura do mestre é a encarnação da sabedoria popular, alguém que, ao longo de mais de um século, tem passado adiante os saberes acumulados, assegurando que a herança cultural afro-brasileira permaneça vibrante e relevante, criando e recriando seus versos de tradição oral, sendo moldado no calor do momento.
Juntamente com o contramestre, ele é responsável por criar, durante as apresentações, versos como marchas, samba de dez, galope e samba curto e curtinho, estilos que refletem a vivacidade e a força da tradição oral nordestina. E para ficar ainda melhor, tudo isso embalado pela sonoridade dos instrumentos do terno, grupo formado por músicos, que são orquestrados pelos próprios mestres durante os cortejos e apresentações de palco. Puxados pelo som de instrumentos, como tarol, bombo, mineiro, gonguê e póica, além dos metais, as batidas se fundem em uma sinfonia percussiva que reverbera a força e a ancestralidade da cultura popular pernambucana.
Para o mestre de maracatu, produtor cultural e idealizador do evento, André de Lica, o encontro é uma oportunidade de celebrar as conquistas, mas também para refletir os desafios. “ A minha vida dentro do maracatu vem desde minha infância. Sempre tive orgulho de fazer parte desta brincadeira. Como nazareno, nesses últimos trinta anos, sinto orgulho cada dia mais, como pessoa negra, jovem e morador da periferia, de seguir preservando e difundindo a nossa cultura e identidade do nosso povo” afirmou.
O 7º Encontro Regional de Mestres de Maracatu é um projeto itinerante, que acontece nas sedes de maracatus de baque solto da zona canavieira. Em Setembro, por exemplo, o projeto será realizado na cidade de Tracunhaém. Já no mês de outubro, haverá o encerramento em Nazaré da Mata. A expectativa é que, até o fim do projeto, cerca de 60 mestres participem da programação.
Homenageados – A novidade desta primeira itinerância do projeto é a homenagem especial aos brincantes dos maracatus de baque solto, como Véi, bandeirista do Maracatu Leão Dourado; Vanessa Vieira, cabocla de pena arreamar; Mestre caboclo Otávio; Josilene, vice-presidente do Maracatu Estrela da Serra – Tracunhaém; Preto bem-vindo, caboclo de lança do Maracatu Cambinda Brasileira, de Nazaré da Mata.
Confira a lista dos mestres confirmados:
- Mestre Pita
- Mestre Gabriel Silva
- Mestre Josemir
- Mestre Vinícius;
- Mestre Chuchu
- Mestre Neguinho
- Mestre Ivan Batista
- Mestre Dedé Vieira
- Mestre Hú
- Mestre Adelson Silva
- Mestre Negro Ouro
- Mestre Natal
- Mestre Genário
- Mestre Dudu
- Mestre Josuel Caboclo
- Mestre Luiz Marcolino
- Mestre Glebson Salú
- Mestre Pedrinho Gabriel
- Mestre Léu
- Mestre Vanzinho
- Contramestre Silas Daniel
- Contra Mestre Gil Régis