O presidente Lula (PT) sancionou a lei que cria o Dia Nacional do Maracatu. O texto, aprovado pelo Congresso no mês passado após cinco anos de tramitação, prevê que a data seja celebrada, a cada ano, em 1º de agosto.
A criação da norma aconteceu na mesma data em que é comemorado, no Recife, o Dia Municipal do Maracatu de Baque Solto, além do aniversário do Mestre Salustiano, um dos grandes nomes do maracatu (saiba mais abaixo).
A sanção da Lei 397/2019 foi assinada, na tarde desta terça-feira (12), em cerimônia no Planalto do Planalto, em Brasília. O dia 1º de agosto foi escolhido por ser a data de nascimento do mestre Luís de França, que liderou o Maracatu Leão Coroado por 40 anos. O grupo, sediado em Olinda, foi fundado em 1863 e é considerado uma das nações de maracatu mais antigas do país.
“Precisamos transformar o maracatu numa arte de conhecimento de todo o povo brasileiro. […] É importante que a gente assuma o compromisso de que, no Dia Nacional do Maracatu, a gente consiga fazer uma festa de caráter nacional que funcione concomitantemente em todos os estados”, discursou Lula no evento.
No discurso, o presidente afirmou ainda que é necessário que o poder público ajude os grupos a conseguir mais patrocínios para que o maracatu seja mais conhecido nos mais diversos locais do país.
“A gente vai ter que arrumar dinheiro, a gente vai ter que arrumar patrocínio para que essa arte chamada maracatu tenha o mesmo apreço e o mesmo respeito que tem o rock, o samba, qualquer outro show”, afirmou Lula.
Projeto tramitou por 6 anos
A norma foi criada a partir de um projeto proposto em 2017 pela então deputada federal Luciana Santos (PCdoB), atual ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação. Depois de passar pela Câmara dos Deputados, o texto foi encaminhado em 2019 para o Senado, onde tramitou até ser aprovado, no dia 15 de outubro deste ano, e seguir para a sanção presidencial.
Manifestação cultural de Pernambuco, bastante presente nas regiões do Grande Recife e da Zona da Mata, o maracatu é um ritmo de música e dança de tradição africana e indígena que se divide em dois tipos:
- Maracatu de baque solto ou rural — é caracterizado pelos caboclos-de-lança, personagens que se movimentam empunhando uma lança pontiaguda, com chapéu e vestimentas coloridas e, por vezes, um cravo na boca;
- Maracatu de baque virado ou nação — conta com um cortejo acompanhado por uma orquestra percussiva que remonta aos antigos rituais de coroação de reis e rainhas do Congo.
Também presente na cerimônia, a ministra Luciana Santos destacou a importância do ritmo para a “construção da nossa nacionalidade”.
“É uma das manifestações populares mais importantes do Nordeste, que surgiu em meados do século 18 […]. E, assim, teve duas grandes matrizes. Uma matriz africana, em homenagem aos reis e rainhas do Congo, o nação, e o rural, que vem do corte da cana. Por isso, o cravo, os óculos, essa grande beleza da criação e da criatividade dos trabalhadores rurais”, explicou a ministra.