Cineasta Itaenguense quer levar Lagoa de Itaenga para as telas de cinema

Por Rafael Santos 07/01/2025 12:47 • Atualizado Há 1 dia
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A sétima arte nunca esteve tão perto do interior pernambucano, bem na pequena cidade de menos de 20mil habitantes, chamada Lagoa de Itaenga, Zona da Mata do estado. O responsável por isso é o jornalista e cineasta Henrique Almeida, que apostou na produção do curta-metragem O Enterro de Biu, gravado na zona rural da cidade.

Henrique, que é de família humilde da cidade de Lagoa de Itaenga, investiu, com amigos, numa pequena produtora audiovisual, que funciona em um espaço próprio, composto por estúdio e uma base de edição e criação. Iniciou a trajetória dele como ator, se formou como jornalista e atua há dez anos no mercado profissional do teatro, audiovisual e da comunicação.

“Comecei a fazer matérias e documentários institucionais, e daí surgiu a Pavão, que leva o nome de uma ave mística, de penas bem valorizadas no campo da cultura popular da região. Na verdade eu sempre tive o desejo de fazer um filme de ficção. Mas como ator. Sem oportunidades, decidi criá-las. E assim tem sido nos meus trabalhos, seja no teatro ou, agora com mais ênfase, no cinema, oportunizando pessoas e criando identidade no território”, conta Henrique.

O trabalho sensível do artista-jornalista é possível ser visto em dezenas de narrativas audiovisuais, roteirizadas e conduzidas por ele, especialmente quando se dedicou aos trabalhos da ONG Serta, em Glória do Goitá. “Como jornalista, gosto de olhar a história nos detalhes, explorar as informações mais genuínas, enxergar a pessoa enquanto pessoa. Como artista, que também sou, procuro fazer com que as pessoas sintam. E esse sentir que transforma tem que ter arte, poesia, sem fugir da linguagem que o trabalho requer”, revela.

O Enterro de Biu é o primeiro curta de ficção escrito e dirigido por Henrique. “Essa história de Biu foi rascunhada pela primeira vez em 2011. Minha mãe era viva e contava muitas histórias inspiradoras. O fato curioso de como aconteciam os velórios me fez pesquisar mais, ouvir moradores antigos, buscar na literatura, até chegar ao ponto cômico, com personagens típicos daqui, em uma proposta possível de realizar, com poucos recursos. Finalmente, depois de mais de uma década, o projeto saiu do papel”, conta.

Após aprovação no edital da Lei Paulo Gustavo em Pernambuco, a produção do filme deu início aos trabalhos, em junho do ano passado, com gravações em outubro, em comunidades rurais de Lagoa de Itaenga, onde foram remontadas uma casa e uma bodega da década de 80. “No primeiro dia de gravação, quando eu vi o set pronto e toda uma equipe gigante pronta pra rodar, quase chorei de emoção. Senti como algo fora da realidade, da minha realidade em produzir algo que não chega com facilidade aos mais simples, porque fazer cinema custa caro e ainda é reservado a um grupo de elites”, aponta.

Com elenco composto por profissionais e estreantes, o filme conta a história bem humorada do velório de Biu, que é baseada em relatos reais. No elenco, a atriz iniciante Natália Andrade protagoniza a narrativa com a personagem Olimpra, a viúva, junto ao fiel amigo de Biu, Zé Silveira, interpretado pelo ator veterano Paulo Cézar. Também em cena os atores Albert Tenório, Betania Oliveira e Eudes Nascimento.

O filme conta com trilha sonora autoral, tendo como intérpretes o poeta Anderson Miguel e o rabequeiro Micael Antônio, além de músicas autorais do cantor Júnior Neto. Tem direção de fotografia de Marivaldo Silva, imagens de Carlão, som direto de Wesley, montagem de Márcio Ribeiro e produção executiva de Natiele Júlia, com realização da produtora Pavão Comunicação e Produção Audiovisual. 

A estreia está prevista para o final deste mês de janeiro e terá exibições gratuitas.

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