Zé Maurício critica proposta de desmembramento das atividades da Hemobrás

Por Rafael Santos 09/08/2017 11:59 • Atualizado 09/08/2017
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A proposta do Ministério da Saúde (MS) de transferir parte das atribuições da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) para uma fábrica paranaense voltou a ser criticada em Plenário. No Grande Expediente desta terça (8), o deputado Zé Maurício (PP) lamentou a postura do seu correligionário – o ministro da Saúde, Ricardo Barros – e defendeu a união das forças políticas pernambucanas para evitar o esvaziamento da estatal instalada em Goiana, na Mata Norte.

“Em que pese o ministro ser do meu partido, sou totalmente contra as declarações dele. Nada justifica o Governo Federal injetar recursos em uma nova fábrica faltando apenas 30% dos investimentos para concluir a Hemobrás”, posicionou-se Zé Maurício. Para o parlamentar, transferir para outra fábrica a produção do medicamento mais rentável da iniciativa – os recombinantes – “tira o propósito da estatal”.

O deputado comentou, ainda, a entrevista concedida pelo ministro a um veículo de comunicação pernambucano. Na reportagem, Ricardo Barros declarou que, caso a Hemobrás rejeite a proposta do MS, a estatal será responsável por encontrar uma forma de produzir o medicamento. “O ministro tentou nos intimidar, tratando o assunto como se não houvesse qualquer responsabilidade do Governo Federal com a Hemobrás”, acrescentou.

O posicionamento do progressista foi apoiado pelos deputados Terezinha Nunes (PSDB), Waldemar Borges (PSB), Teresa Leitão (PT), Dr. Valdi (PP), Isaltino Nascimento (PSB), bem como pelo presidente da Casa, deputado Guilherme Uchoa (PDT). Uchoa propôs a realização de um ato público na frente da Assembleia, no próximo dia 21. “Além de tirar a produção de recombinantes de Pernambuco, o Governo Federal está levando a Gerência do FGTS para a Bahia”, complementou.

“Estão querendo jogar no lixo os R$ 800 milhões investidos na Hemobrás. Isso tem que ficar claro para a população e para a imprensa nacional”, pontuou Terezinha. “É estarrecedor que a saúde deste País esteja sendo administrada por uma figura de pouca estatura como é a do ministro”, criticou Borges.

Para Teresa Leitão, a agenda do MS tem o apoio do presidente Michel Temer. “Isso inclui desmontar o programa Saúde da Família, acabar com as farmácias populares e pôr fim ao Mais Médicos”, pontuou. Dr. Valdi pediu “sensibilidade” do ministro para concluir as obras da Hemobrás. Por fim, assim como Uchoa, Nascimento propôs “um ato político público, em espaço coletivo e simbólico, para reforçar a necessidade de a fábrica permanecer em Pernambuco”.

Entenda o caso – Sem recursos para a conclusão dos 30% restantes das obras estruturais da Hemobrás, o Ministério da Saúde defende o desmembramento das atividades da estatal. A proposta, apresentada pela companhia suíça Octapharma, é investir U$ 200 milhões na fábrica de Pernambuco para que ela passe, então, a produzir hemoderivados, medicamentos feitos a partir do plasma sanguíneo para o tratamento de hemofílicos. Já a produção de – drogas mais modernas e que não utilizam o sangue como matéria-prima – seria assumida pela estatal paranaense Tecpar.

O tema foi discutido em audiência pública promovida na última segunda (7), pela Comissão de Saúde da Assembleia.

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