Governo de Pernambuco inicia celebração do bicentenário da Confederação do Equador

Atividades se iniciam nesta terça-feira, 2 de julho, quando o movimento libertário completa 200 anos com programação especial que se estende por um ano

Por Rafael Santos 01/07/2024 16:34 • Atualizado Há 2 dias
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Preservando o legado da história dos nossos movimentos libertários, o Governo de Pernambuco inicia, nesta terça-feira, 2, as comemorações do bicentenário da Confederação do Equador. O evento de abertura, reunindo as autoridades do Estado e os representantes da sociedade civil envolvidos com o tema, acontecerá no Centro Cultural Eufrásio Barbosa, em Olinda, às 10h. Serão apresentadas diversas atividades agendadas para os próximos doze meses, planejadas desde agosto do ano passado por uma comissão especial liderada pela vice-governadora Priscila Krause. O colegiado reuniu cerca de 20 entidades e órgãos pernambucanos.

De acordo com a governadora Raquel Lyra, a data ressalta os ideais libertários e democráticos do povo pernambucano. “Vamos inaugurar o ano do bicentenário ressaltando essa história tão importante para o Brasil. Desde o Império, Pernambuco é líder e referência nacional quando falamos em liberdade e democracia. É uma história que mexe com os brios do nosso povo e precisa ser cada vez mais ressaltada entre todas as gerações”, afirmou.

Para a coordenadora da Comissão, Priscila Krause, as ações têm como objetivo popularizar uma história que precisa ser conhecida por todos os pernambucanos: “Pernambuco vai realizar diversas ações para lembrar da importância histórica da Confederação do Equador e de Frei Caneca. O desejo da formação de uma República no Brasil acontece bem antes em Pernambuco, só se tornando realidade no país 65 anos depois. Não é por acaso que somos tratados como referência nacional na luta pela democracia e esse trabalho é uma oportunidade de manter vivo todo um legado para as gerações futuras”, destacou a vice-governadora.

No evento oficial de abertura, serão lançados editais para apresentações de artes cênicas, programação de eventos científicos, ações na Universidade de Pernambuco (UPE), a reedição da obra “Frei Joaquim do Amor Divino Caneca”, de Edvaldo Cabral de Mello, pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), e uma cartilha para os professores dos anos finais da rede estadual. A comissão ainda vai apresentar um selo postal comemorativo em parceria com os Correios e o evento será finalizado com a apresentação do espetáculo “Frei Caneca – 200 anos da Confederação do Equador”, que tem direção de Carlos Carvalho e produção de Paulo de Castro.

O rosto de Frei Caneca 

Reunindo pesquisadores e historiadores da Universidade de Pernambuco (UPE) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), uma das tarefas da comissão do bicentenário foi apresentar o rosto de Frei Caneca, personagem central da Confederação do Equador que pagou com a vida por participar do movimento. Com a carência de representações do religioso, foi feito um minucioso estudo com referências históricas e iconográficas.

No lançamento das comemorações, haverá uma exposição da iconografia de Frei Caneca produzida pelo artista Robert Ploeg. “Essa é uma das entregas mais importantes da comissão, que tem objetivo de popularizar a imagem de Frei Caneca. Esse trabalho foi muito importante pois aliamos o conhecimento histórico junto com as novas tecnologias, como a Inteligência Artificial, para chegarmos o mais próximo do rosto desse pernambucano tão ilustre e ao mesmo tempo ainda  pouco identificado pela população”, pontuou Priscila Krause.

Sobre a Confederação do Equador

Considerado uma espécie de continuação da Revolução de 1817, a Confederação do Equador se destacou como um dos principais movimentos de contestação ao reinado do imperador D. Pedro I, que ainda flertava com os portugueses mesmo com a independência do Brasil. Depois de uma instabilidade política, os liberais colocam no comando da província Manoel de Carvalho, que declara a independência de Pernambuco em 2 de julho de 1824 e convida outras províncias do Norte como Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte para entrarem no movimento e fundarem um governo republicano.

A reação da coroa foi implacável contra Pernambuco, que foi penalizado com a perda de território, como a Comarca de São Francisco, que compreende hoje o Oeste do Estado da Bahia (anos antes, Pernambuco já havia perdido a Comarca de Alagoas, que compreende atualmente o Estado vizinho, pela Revolução de 1817), e a punição de integrantes do movimento, inclusive com condenações de morte, como aconteceu com Joaquim do Amor Divino, o Frei Caneca, que foi executado no Recife pelo Governo Imperial por participar do movimento.

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