Frente discute regulamentação do fornecimento de remédios à base de cannabis pelo SUS

Por Rafael Santos 29/09/2025 20:47 • Atualizado Há 4 horas
Compartilhe

A Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial da Alepe apresentou, nesta segunda (29), uma proposta de regulamentação da Lei nº. 18.757/2024, que institui a política estadual de fornecimento de medicamentos e derivados de maconha medicinal. A avaliação é que a norma, por si só, ainda não garante a chegada dos produtos aos pacientes.

A minuta foi detalhada pelo consultor legislativo Victor Barreto, em atendimento a uma demanda do coordenador da Frente, deputado João Paulo (PT). “O mais importante é trazer regras claras: critérios, procedimentos e fluxos para a solicitação do medicamento ou produto. E garantir que ele seja efetivamente entregue aos pacientes que dele necessitam”, disse o consultor. 

Segundo ele, a regulamentação deve também oferecer segurança jurídica a gestores públicos, pacientes e médicos prescritores.

Análise

Em nome do Governo do Estado, a quem compete regulamentar a matéria, o secretário executivo de Vigilância em Saúde e Atenção Primária, Renan Freitas, informou que a versão final do decreto deve levar de 30 a 60 dias para ser concluída. 

O prazo se deve à espera por uma atualização nacional das regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além da análise do texto por setores como o Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe) e o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA).

Representantes de associações autorizadas pela Justiça a cultivar e produzir medicamentos pediram acesso a linhas de crédito e apoio para que possam fornecer seus produtos para o Sistema Único de Saúde (SUS), dentro dos critérios exigidos pela Anvisa, e evitar que a indústria farmacêutica domine completamente o mercado. 

Outro ponto levantado foi a necessidade de treinar os trabalhadores da saúde para combater preconceitos e aumentar o rol de pacientes beneficiados. Diante de relatos de perseguição, a Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE) ofereceu apoio jurídico a médicos prescritores e outros profissionais da assistência.

Autor da política estadual, em coautoria com o deputado Luciano Duque (Solidariedade), João Paulo cobrou urgência na regulamentação da matéria: 

“Eu ouvi depoimentos de pessoas que dizem que trabalham só para, no final do mês, receber o dinheiro e comprar o remédio. É fundamental que o Estado compre das associações e distribua pelo SUS”, defendeu o coordenador da Frente.

A reunião teve, ainda, a presença de representantes da Defensoria Pública de Pernambuco, Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), profissionais da saúde, além de pacientes e familiares. Um novo encontro de acompanhamento deve ser realizado na primeira semana de dezembro.

Deixe um comentário

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Mais do Giro Mata Norte