Comissão de Cidadania recebe denúncias de intimidação de testemunhas do caso Itambé

Por Rafael Santos 22/03/2017 17:16 • Atualizado 22/03/2017
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Testemunhas do episódio que resultou em uma pessoa baleada por policial militar durante um protesto em Itambé (Mata Norte), na semana passada, teriam recebido ameaças e retaliações de agentes de segurança locais, segundo denúncia recebida pela Comissão de Cidadania da Assembleia. Em reunião do colegiado, nesta quarta (22), Ronaldo Jordão, advogado de Edvaldo da Silva (estudante ferido), afirmou que o dono de um restaurante da região, que prestou depoimento sobre o caso, teria sido ameaçado. O encontro também contou com a presença de Maria Sebastiana e de José Roberto da Silva, mãe e irmão da vítima, que está internada em estado grave no Hospital Miguel Arraes, em Paulista (RMR).

Segundo relato do advogado da família, “na noite da sexta (17), quando Edvaldo foi baleado, três viaturas com policiais e bombeiros militares se dirigiram ao restaurante e, sem fazer nenhuma inspeção, disseram que o local deveria ser fechado por não ter extintor de incêndio”. Ainda conforme Jordão, foi dito à testemunha, na ocasião, “que ela deveria ficar calada ou seria processada por desacato”.

Conforme o advogado, uma outra testemunha foi ameaçada com mensagens enviadas por meio de aplicativos de celular. “A situação exige a prisão preventiva dos envolvidos e a troca de toda a força policial de Itambé”, solicitou. “Também queremos que as testemunhas sejam incluídas em programas de proteção”, completou. Jordão criticou a falta de estrutura do Poder Judiciário naquele município e uma suposta preferência da Polícia Militar em realizar policiamento nos locais que contratam empresas de segurança das quais os PMs fariam parte.

Já o irmão de Edvaldo, José Roberto da Silva revelou ter sido procurado por duas pessoas que se apresentaram como policiais da Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS). “Nossa família não foi ameaçada, mas achei estranha essa abordagem. Eles perguntaram sobre pessoas que apareciam no vídeo em que meu irmão leva o tiro. Depois desse fato, comecei a sentir medo”, declarou. “O que queremos é que, ao fim disso tudo, haja justiça”, frisou.

Os parentes e o advogado de Edvaldo também reclamaram do atendimento prestado pela Polícia Civil e pelo Hospital Miguel Arraes à vítima. Segundo eles, a Delegacia de Itambé teria se recusado a registrar um boletim de ocorrência. A deputada Laura Gomes (PSB) lembrou, entretanto, “que, juridicamente, não há necessidade de se prestar queixa nesse caso, já que a própria Polícia Civil pode fazer a denúncia e a apuração, como está acontecendo”.

Com relação ao Hospital Miguel Arraes, a família não teria recebido um prontuário formal sobre o estado de saúde do estudante. Além disso, os familiares afirmaram que uma foto de Edvaldo na UTI teria sido divulgada nas redes sociais, violando a intimidade do paciente. A Comissão de Cidadania anunciou que pedirá esclarecimentos à Polícia Civil e à Secretaria de Saúde sobre as questões.

“As acusações feitas são muito graves, e os Poderes Judiciário e Executivo já tomaram a iniciativa de investigar o caso”, declarou o líder do Governo, Isaltino Nascimento (PSB). A Comissão decidiu encaminhar ofícios informando sobre as denúncias ao Ministério Público, ao Tribunal de Justiça e à Secretaria de Defesa Social. “Vamos pedir celeridade na apuração não só desse caso, mas de toda a situação de violência em Itambé”, anunciou o presidente do colegiado, deputado Edilson Silva (PSOL).

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