Alepe cria frente parlamentar para defender a indústria naval

Por Rafael Santos 21/05/2024 22:26 • Atualizado 21/05/2024
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A Alepe instalou nesta terça (21) a Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Naval em Pernambuco. O objetivo do colegiado é analisar e encontrar soluções para os problemas enfrentados pelo setor naval, importante área para geração de empregos.

De acordo com o coordenador da Frente, deputado João Paulo (PT), o setor precisa ser fortalecido por conta de seu potencial econômico. “A competição com estaleiros estrangeiros, especialmente com aqueles localizados em países com a mão de obra mais barata e políticas de industriais mais favoráveis, é fator de desvantagem. Assim, faz-se necessário dotar nossa indústria naval de maior competitividade global, investir em infraestrutura e tecnologia a fim de modernizar nossos estaleiros, dentre outras iniciativas”, afirmou o parlamentar.

Uma das convidadas do encontro foi Tanielle Cavalcanti, diretora do Estaleiro Atlântico Sul, localizado no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife. Ela destacou que a indústria naval emprega cerca de 80 mil profissionais no Brasil. Já o Atlântico Sul, especificamente, chegou a gerar 7 mil empregos diretos e 20 mil indiretos na construção de 15 embarcações e reparos integrativos nas plataformas P-55 e P-66, ao longo de 10 anos.

“Falar da indústria naval é falar de empregabilidade. E se o Brasil, não só Pernambuco, bem soubesse o ativo que tem, faria uma política de estado e não só de governo. Porque a gente não pode ficar na instabilidade das mudanças de governo e consequentemente, das mudanças de política. Nos países que têm de forma consolidada a indústria naval, existe uma política de estado, como Coreia, China e Japão. E lá se tem a perpetuidade da empregabilidade porque eles protegem o emprego e é nisso que a gente gostaria de fazer o nosso maior pleito”, pontuou.

Empregos 

A capacitação dos profissionais envolvidos nesta indústria foi outro ponto levantado no encontro. Há o entendimento que ocorreu um desmonte na área, com os formados indo atuar em outros locais, não permanecendo em Pernambuco pela falta de oportunidade, como afirma Henrique Gomes, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos (Sindimetal-PE). 

“Não dá para que a gente pense novamente uma retomada do setor naval se a gente não tem pessoas habilitadas, pessoas capacitadas para exercer as funções, senão a gente vai voltar para a estaca zero. Deixo aqui esse apelo, que a gente possa ter grande responsabilidade, mas acima de tudo trazer a capacitação junto às instituições federais e privadas”, disse.

Para Silvio Melo, diretor da Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (Sobena) e representante da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), é necessário olhar para os suprimentos da cadeia de fornecimento.

“Nós temos que pensar também na cadeia de fornecimento. Eu acompanhei o início dos trabalhos do Atlântico Sul e sempre houve um grande problema em receber suprimentos para o estaleiro poder funcionar e era tudo muito caro. A gente precisa atrair indústrias que trabalham no entorno da construção naval para o Estado. Os estaleiros são importantes, isso não tem discussão, mas também precisamos trazer outros setores da cadeia metalomecânica para Pernambuco, é uma deficiência que ainda temos”, declarou.

Representantes do Senai e de institutos federais e do Governo do Estado também marcaram presença na instalação do colegiado, que marcou sua próxima reunião para o início do segundo semestre em Suape.

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