O corpo da comerciante Vilma Simplício da Silva, 57 anos, foi encontrado, no início da manhã deste domingo (20), em estado avançado de decomposição. A vítima estava com a mesma roupa do último dia em que foi vista com vida. Próximos ao corpo de Vilma, foram encontrados alguns pertences, como bolsa, óculos de sol, turbante e colar religioso.
As buscas se concentraram numa área de mata, próxima a um assentamento, na região do Engenho Maravilha, na Zona Rural de Goiana.
Vilma morava na Cohab, no Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife. Ela era comerciante e vendia sabonetes naturais.
O filho de Vilma, Wellington Simplício, conta que sentiu a falta da mãe no início deste mês. Desde então, ele começou a rastrear o aparelho celular dela e passou a suspeitar de um homem de 35 anos, com o qual Vilma estava mantendo um relacionamento amoroso.
A irmã de vítima, Verônica Simplício da Silva, diz que não sabe como vai contar para a mãe, que tem 83 anos, sobre a morte de Vilma.
“A investigação vem ocorrendo desde aproximadamente 4 de agosto, quando o filho da vítima compareceu à delegacia falando que ela havia saído de casa, no dia 2, e que ainda não sabia o paradeiro dela. Então, foi instaurado o inquérito policial por desaparecimento. Foram feitas diligências e, assim, contamos muito com a ajuda do próprio filho da vítima, que conseguiu a localização do celular”, explicou o delegado José Alexandre Amorim, do Cabo de Santo Agostinho.
Dessa maneira, foi contactada a pessoa que comprou o celular da vítima na Paraíba. Com isso, a equipe de investigação do Cabo de Santo Agostinho começou uma investigação, buscando câmeras e os percursos que havia no celular.
“Então, as suspeitas começaram a aumentar em relação a um homem com quem ela (Vilma) tinha um relacionamento amoroso. O caso começa a ser tratado de fato como feminicídio. Fechada essa linha de investigação, contactamos o suspeito, que concordou em se encontrar com a equipe de investigação no sábado, até porque ele não sabia o desfecho; ele não sabia que já se teria certeza sobre ele”, relata José Alexandre.
Na delegacia, ele falou que tinha um relacionamento com Vilma há cerca de um mês e 15 dias. “Mas disse que não tinha nada a ver com esse desaparecimento e que, inclusive, ele estaria interessado a desvendar também”, informa o delegado.
De acordo com José Alexandre, quando foram colocadas as evidências e as provas, o suspeito chegou a falar que teve contato com a Vilma no dia 1º de agosto.
Questionado se havia ido a Goiana, o suspeito disse que não. “Foi mostrada a filmagem dele do dia 2 no município. E falamos que entramos em contato com a pessoa que comprou a ele, por R$ 600, o celular da vítima. Então, ele começou a chorar, falou que estava arrependido.”
O delegado contou que havia localizado o corpo de Vilma e questionou se ele estaria disposto a ir até o local para explicar como foi a dinâmica.
“Ele chorou mais uma vez e começou a colocar, na história, uma terceira pessoa, que é ficção. A convicção da Polícia Civil é que ele praticou feminicídio, não tem a participação de terceira pessoa. Ele atraiu a vítima para um local de difícil acesso, onde ceifa de forma brutal.”
Na madrugada deste domingo, o delegado levou o suspeito até o local.
“Apresentamos a ocorrência ao delegado plantonista para ver as providências, se vai ser autuado em flagrante pelo crime de ocupação de cadáver, qual é a providência que vai ser tomada. Se vai ser representada pela prisão preventiva, vai ficar a critério da autoridade policial plantonista”, acrescenta o delegado.
A Polícia Civil do Estado de Pernambuco (PCPE) informa, em nota, que registrou, neste domingo (20), através da 11ª Delegacia Seccional de Goiana, a ocorrência de ocultação de cadáver, na zona rural da cidade.
“O corpo de uma mulher de 57 anos foi localizado em avançado estado de putrefação e encaminhado para o Instituto de Medicina Legal de Pernambuco (IML) para a realização da perícia tanatoscópica (causa da morte) e necropapiloscópica (identificação do corpo através das impressões digitais)”, informa a PCPE.
“O suspeito, um homem de 35 anos, que teria reconhecido o corpo da vítima, foi autuado em flagrante e encaminhado para a delegacia, onde foram adotadas as medidas cabíveis, ficando o mesmo, à disposição da justiça”, acrescenta.