A recessão econômica pela qual o Brasil passa atinge um dos braços mais importantes do país, a educação. Com cortes na verba orçamentária de várias pastas – algumas recentemente extinguidas – o setor educacional sofreu uma queda de cerca de R$ 10 bilhões no orçamento em 2015. Embora o desgaste econômico seja um fator pessimista para os jovens que buscam a educação como forma de garantia de conhecimento e empregabilidade, estudantes ainda creem que os projetos sociais governamentais são o meio de acesso ao ensino superior. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Maurício de Nassau (IPMN) com estudantes que realizaram no dia 24 de outubro o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), revelou que 62,5% dos alunos pretendiam ingressar no ensino superior com o suporte do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Segundo o cientista político e membro da cooperação científica do estudo, Adriano Oliveira, os estudantes se mostram abertos para as políticas educacionais do governo, porém, não concordam com algumas posturas do mandato de Dilma. “Os alunos aprovam as medidas sociais governamentais, mas estão em desalinho com as atitudes políticas atuais dos governantes”, comentou. Isso porque, segundo o levantamento, 53,6% dos candidatos ao Exame consideraram o Governo Dilma péssimo.
Os jovens (91,6%) também afirmaram que pretendem trabalhar enquanto cursam o ensino superior. Esse percentual é um reflexo da necessidade de independência financeira dos estudantes, como no caso de Hanna Silva, 19. A jovem cursa há três anos administração e está trabalhando. “Eu optei porque preciso ajudar em casa e quero minha dependência financeira”, contou Hanna.
Ainda segundo a pesquisa do IPMN, os entrevistados são favoráveis às medidas educacionais e empregatícias como forma de crescimento econômico e social do Brasil. Mais concursos públicos (87,3%), ampliação do Programa Universidade para Todos (ProUni) (85,3%) e ampliação do Fies (82,5%) estão entre os maiores índices de aprovação.
O levantamento foi realizado com 623 estudantes, no dia 24 de outubro, no Recife. Os participantes da pesquisa foram entrevistados nos locais de realização das provas do Enem. Dos questionados, 51% se identificaram como sendo do sexo feminino, 32,3% disseram ter acima de 22 anos e 33,8% estão no terceiro ano do ensino médio. Além disso, 37,3% dos questionados informaram que a renda familiar é acima de 1 e até 2 salários mínimos.