Mantendo suas atividades e assistência mesmo com o isolamento social, a ONG Giral fez um levantamento com seus educandos para avaliar alterações na rotina, no bem estar e na saúde das crianças e adolescentes. A pesquisa foi aplicada pela equipe psicopedagógica. “Temos consciência que a pandemia atinge sensivelmente nossos educandos, que têm sua situação de vulnerabilidade agravada. Fizemos os atendimentos iniciais, com entrega de cestas básicas, kits lanche e cartilhas pedagógicas, mas precisávamos manter a proximidade e o cuidado com eles”, explica o presidente do Giral, Leonildo Moura.
A pesquisa colheu informações de 96 educandos, todos participantes das oficinas do Giral e todos moradores do município de Glória do Goitá, na Mata Norte de Pernambuco, onde atua a instituição. Detectou o uso de aparelhos eletrônicos, a qualidade do sono, nível de stress e realização de atividades propostas, além de outros pontos. “A avaliação das respostas nos indicará novas formas de condução remota e para quando pudermos retomar à programação presencial”, diz a psicóloga do Giral, Cleo Rodrigues.
Uso de aparelhos eletrônicos
Mais de 70% dos respondentes têm o celular como principal artefato eletrônico, seguido pela televisão, com 39% das menções. O uso de tablets e computadores e a ausência total de aparelhos foram citados, cada um, por 2% dos alunos.
Mais da metade (53%) dos educandos do Giral responderam que usam aparelhos eletrônicos de duas a quatro horas por dia. Em torno de 24% chegam a passar de cinco a oito horas e apenas 3% chegam a passar 10 horas usando os artefatos. Dezessete alunos responderam que ficam até uma hora.
Qualidade de vida
Na autoavaliação do sono, a maioria dos respondentes, quase 60%, respondeu que passou a dormir mais durante o isolamento. Em torno de 29% não percebeu mudanças e a minoria, 11%, disse que teve redução no tempo de sono.
Já com relação à alimentação, as respostas também indicam que houve aumento: 54% disseram que passaram a comer mais durante a pandemia. Apenas nove alunos (9,3%) disseram que houve redução.
A pesquisa indicou que a higiene aumentou para a maioria dos alunos do Giral durante a pandemia, segundo 73% das respostas. Já o tempo dedicado aos estudos ficou equilibrado: para 37% o tempo aumentou; para 40%, diminuiu. Na avaliação do Giral, estes índices têm a ver com a dificuldade de acesso à internet para acompanhamento de aulas remotas nas escolas da rede públicas. “Quem consegue aproveitar o tempo para estudar mais têm apoio da família e das instituições de ensino. Estamos também empenhados em oferecer mais atividades pedagógicas”, reforça Leonildo, se referindo às cartilhas criadas e distribuídas pela equipe da instituição.
“Chamou nossa atenção que muitos dos nossos alunos declararam que estão com medo”, disse Cleo. Nesse quesito, 40 crianças declararam que seu nível de medo aumentou e apenas 17 disseram que diminuiu. “O nível de stress também é um alerta: 43 alunos disseram que estão mais estressados”, explicou a psicóloga. A maioria, mais de 90%, declarou que está conseguindo ficar em casa, seguindo as recomendações de isolamento social.