SES capacita profissionais de emergência sobre arboviroses

Por Rafael Santos 20/02/2019 11:04 • Atualizado 20/02/2019
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Nesta quarta-feira (20.02), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) está reunindo profissionais de saúde de serviços de urgência e emergência para tratar do manejo clínico do paciente suspeito para alguma arbovirose. O objetivo da atividade, realizada anualmente, é apresentar a atual situação epidemiológica do Estado e relembrar os sinais e sintomas característicos da dengue, chikungunya e zika.

O evento, organizado pelas gerências de Urgência e Emergência e de Controle das Arboviroses da SES, ocorre no auditório da Secretaria, no bairro do Bongi, no Recife, com transmissão via webconferência para todas as Gerências Regionais de Saúde (Geres). A expectativa é que os profissionais participantes se tornem multiplicadores das informações nos seus serviços – hospitais estaduais, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), postos de saúde, policlínicas. A capacitação está sendo dada pela gerente do Programa de Controle das Arboviroses da SES, Claudenice Pontes, e os infectologistas Luciano Arraes e Regina Coeli.

“Neste ano, estamos percebendo um aumento no número de notificações no Sertão pernambucano, região que não apresentou tantos adoecimentos nos anos anteriores e que, por isso, está com a população mais suscetível. Vamos apresentar esses dados para que as equipes de saúde tenham um panorama da situação do Estado e fiquem alertas em seus serviços para notificar e tratar em tempo oportuno os casos suspeitos para dengue, chikungunya ou zika. Isso é essencial para evitar o agravamento do quadro e óbitos”, afirma a gerente do Programa de Controle das Arboviroses da SES, Claudenice Pontes.

Claudenice ainda reforça a importância de o público procurar assistência no serviço de saúde mais próximo a sua residência e evitar a automedicação, para que não haja o agravamento do quadro. “A notificação do paciente suspeito para arbovirose é obrigatória pelo profissional de saúde. É por meio dela que podemos verificar a situação dos municípios e o que pode ser feito para evitar novos casos”, avisa.

O infectologista Luciano Arraes, médico dos hospitais Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) e Correia Picanço (HCP), irá apresentar a sintomatologia da dengue, chikungunya e zika. “Vou explicar como pode ser a abordagem inicial ao paciente e os caminhos para se pensar em um caso de arbovirose. Também vou mostrar quais os exames para um diagnóstico definitivo e a forma de tratamento”, explica o médico. Ele ainda trará informações sobre febre amarela, doença que não está em circulação em Pernambuco, mas que tem casos em outras regiões do país.

AÇÃO – Neste ano, o Estado já realizou o trabalho de pulverização (uso de bombas costais e com o popularmente chamado de carro fumacê) para promover o bloqueio da transmissão viral nos municípios de Salgueiro e Custódia. Em ambos os municípios, foram realizadas visitas técnicas em unidades de saúde para fazer busca ativa de casos. Os gestores municipais também receberam orientações para otimizar o trabalho de campo para combate ao mosquito Aedes aegypti.

“O trabalho de pulverização é feito após uma rígida análise técnica e em casos específicos. Para que isso não seja preciso, os municípios precisam manter suas ações de campo periódicas. Além disso, toda a sociedade pode ajudar a conter a proliferação do Aedes aegypti, evitando manter recipientes com água e sem tampa em casa, além de não deixar entulhos no entorno que possam servir de criadouro para o mosquito”, lembra Claudenice. 

ÓBITOS – Até o dia 16.02, foram notificados seis óbitos para arboviroses no Estado. Cinco casos envolvem pacientes do sexo masculino e um do sexo feminino. Em relação à idade, três casos foram no público abaixo de 15 anos e três na faixa etária de 30 a 59 anos. Os óbitos foram notificados nos municípios de Ipojuca (08.01, homem, 46 anos), Custódia (09.02, homem, 39 anos), Camaragibe (1.02, mulher, 59 anos), Jaboatão dos Guararapes (12.02, menino, 8 anos), Arcoverde (13.02, adolescente masculino, 15 anos) e São Benedito do Sul (13.02, menino, 4 meses). Todos os casos estão em investigação.

“Os pais ou responsáveis precisam ficar atentos para mudança no comportamento das crianças, que podem ficar molinhas, apresentar quadro febril, vômito, diarréia. Nessas situações, é preciso relembrar de manter a hidratação, indispensável para evitar o agravamento, e seguir imediatamente para um serviço de saúde”, avisa a infectologista pediátrica do Huoc Regina Coeli. 

“Todo óbito suspeito precisa ser investigado pelo município com o apoio do Comitê Estadual de Discussão de Óbitos por Dengue e outras Arboviroses. Diversas informações são verificadas, como início dos sintomas do paciente, doenças pré-existentes, prontuários médicos dos serviços de saúde por onde ele passou. Com todas as informações, o comitê debate para concluir se o caso foi por alguma das arboviroses ou se teve outra causa”, afirma Claudenice Pontes.

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO – Até o dia 16 de fevereiro, Pernambuco notificou 1.800 casos de dengue (182 confirmados), 262 de chikungunya (5 confirmados) e 86 de zika (1 confirmado).

Quando comparadas as notificações de 2019 com o mesmo período de 2018 percebe-se uma redução de 9,5% nos casos de dengue e 30,1% nos de chikungunya. Em relação à zika, houve um aumento nas notificações de 4,9%.

Apesar da redução, o Estado está em alerta para o aumento das notificações no Sertão do Estado. A principal preocupação é com a VII Gerência Regional de Saúde (Geres), que engloba sete municípios, entre eles Salgueiro. Na região, houve um aumento de 5.233% nas notificações de dengue (foram 9 em 2018 e 480 em 2019) e 800% nos de chikungunya (5 em 2018 e 45 em 2019). Também chama atenção o aumento nas notificações de dengue na X Geres, com sede em Afogados da Ingazeira e que compreende mais 11 municípios (foram 10 notificações de dengue em 2018 e 36 em 2019, um aumento de 260%).

SINTOMATOLOGIA DAS ARBOVIROSES

DENGUE – febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias; dor de cabeça, dores no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, sangramento de mucosas.

CHIKUNGUNYA – febre alta, dores intensas nas articulações dos pés e mãos, além de dedos, tornozelos e pulsos. Outros sintomas possíveis são dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele.

ZIKA – Normalmente, a doença é assintomática e tem evolução benigna em até uma semana. Os principais sintomas são dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos.

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