Pernambuco lança projeto para prevenção e detecção do câncer do colo do útero

Por Rafael Santos 13/03/2019 09:30 • Atualizado 13/03/2019
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Por ano, em torno de 300 mulheres morrem vítima do câncer do colo do útero em Pernambuco, a segunda neoplasia que mais vitima o público do sexo feminino no Brasil e no Estado. Para prevenir casos e detectá-los precocemente, além de ofertar o tratamento em tempo oportuno, a Secretaria Estadual de Saúde (SES), em parceria com o Imip, iniciam, nesta quarta-feira (13.03), em Lagoa do Itaenga, projeto piloto inédito para levar exames citopatológicos, conhecido popularmente como papanicolau, a locais com casos confirmados da doença. Durante a ação, além do exame de rastreio, serão realizadas outras atividades no âmbito da saúde da mulher, como vacinação e testagem para infecções sexualmente transmissíveis (IST). O objetivo do Estado é, com isso, estimular os municípios a também ampliarem sua oferta de exames e, com isso, aumentar a cobertura do citopatológico dos atuais 40% das mulheres na idade preconizada (25 a 64 anos) para 80%.

Entre os municípios da II Gerência Regional de Saúde (Geres), que tem sede em Limoeiro e que inclui Lagoa do Itaenga, por ano, há uma média de 20 mortes por câncer do colo do útero. Em Lagoa do Itaenga, a ação, que, além desta quarta, continua na quinta (14.03) e na próxima terça (19.03) e quarta-feira (20.03), beneficiará 416 mulheres entre 20 e 64 anos, residentes em um território onde foi registrada ocorrência de um caso da neoplasia. Uma unidade móvel do Laboratório Central de Pernambuco (Lacen), adaptado para o atendimento ao público feminino, será o ponto para a realização de exames e coleta de amostras de material para o citopatológico. Essas amostras serão analisadas pelo Laboratório da Mulher (Labend) e, posteriormente, os resultados serão entregues às pacientes. 

Para realização do rastreio em Lagoa do Itaenga, o município realizou o cadastramento e a busca ativa das mulheres e os agentes comunitários agendaram previamente os exames citopatológicos, que, de acordo com o Ministério da Saúde (MS), após dois testes em dois anos consecutivos negativos, deve ser feito a cada três anos. Também houve um trabalho de capacitação de médicos e enfermeiros para a realização dos exames. “As mulheres que vão receber atendimento estão inseridas na Estratégia Saúde da Família (ESF) de Lagoa de Itaenga  e terão toda a linha de cuidado garantida, além de serem inseridas em outras ações para a saúde, incluindo o estímulo à vacinação de familiares em idade apropriada para a imunização e a prevenção às infecções sexualmente transmissíveis. Estamos fazendo esse piloto do projeto em Lagoa do Itaenga e pretendemos expandir para outras localidades ao longo do ano”, explica a gerente de Atenção à Saúde da Mulher da SES, Letícia Katz. Em casos de lesões precursoras ou do próprio câncer do colo do útero, o Imip será a referência para o tratamento desse público, garantindo, assim, toda a linha de cuidado assistencial.

Na ação, além do citopatológico, as mulheres poderão realizar testagem rápida para detecção de infecções sexualmente transmissíveis (IST) e vão receber preservativos. Os exames, que duram em média meia hora para dar o resultado, serão para HIV, sífilis e hepatites virais. Em casos positivos, o público também será encaminhado para realizar o tratamento em unidades de referência. Já no âmbito da imunização, o foco será na vacina contra o HPV (Papiloma vírus humano), vírus que pode causar lesões precursoras do câncer do colo do útero. No Brasil, o SUS disponibiliza a vacina para meninas entre 9 e 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Para o projeto, o foco da ação será na imunização em escolas, para ampliar as coberturas vacinais desse imunizante, principal aliado para prevenção a essa neoplasia.

Atualmente, as estratégias principais para o controle da doença, no país, baseiam-se no rastreamento dos casos e na disponibilização de exames diagnósticos para as mulheres na faixa etária prioritária (25 a 64 anos), no tratamento adequado da doença e de lesões precursoras em 100% dos casos, além da imunização do público jovem contra o HPV. Prioritariamente, a porta de entrada para essas ações é por meio das Unidades Básicas de Saúde, que fazem a coleta do material para exame, encaminhando-o para os laboratórios.     

Doença – Em geral, o risco do câncer do colo do útero é a partir dos 30 anos, aumentando a probabilidade entre os 50 e 60 anos. Diagnosticado precocemente, principalmente pelo exame citopatológico, são altas as chances de cura, podendo chegar a 100% nos casos iniciais e nas lesões precursoras. O câncer do colo do útero é uma doença de crescimento lento e silencioso, por isso, a importância do exame, evitando a progressão da doença.   

Dados – No Brasil, após os tumores de pele, o câncer de mama e do colo do útero são os mais incidentes em mulheres de todas as regiões do país, ocupando o 1º e 2º lugar respectivamente. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) com relação aos principais tipos de câncer na população brasileira, revela que a elevada incidência do câncer do colo do útero e mama ainda representa um grave problema de saúde pública no país. Em 2016, Pernambuco registrou 312 óbitos pela doença. Em 2015, foram 297 mortes. 

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