Dia Mundial da Conscientização do Autismo é lembrado na Assembleia

Por Rafael Santos 04/04/2019 18:43 • Atualizado 04/04/2019
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Em celebração ao Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril, a Assembleia Legislativa realizou nesta quinta (4) um Grande Expediente Especial para discutir como avançar nas políticas públicas relacionadas ao tema. As demandas das famílias e a efetivação da Lei Nº 15.487/2015, que trata da proteção e dos direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), também entraram na pauta do encontro.

Autor do requerimento para a realização do evento, o deputado Waldemar Borges (PSB) enfatizou que a falta de dados, o desaparelhamento da esfera pública, o preconceito e o déficit de profissionais são entraves às políticas públicas para as pessoas com TEA. “A produção de informações é a primeira coisa que se deve pensar. Nosso esforço deve ser o de somar tudo que tem sido feito e elaborar uma política consistente”, observou.

O psicólogo Adriano Barbosa salientou que o autismo demanda uma atenção especializada transdisciplinar – incluindo psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas -, mas, muitas vezes, são oferecidas abordagens não baseadas em evidências científicas. “É preciso haver uma regulamentação desses serviços, pois há profissionais extorquindo famílias com intervenções que não funcionam”, apontou.

Presidente da Associação de Famílias para o Bem-Estar e Tratamento da Pessoa com Autismo (Afeto), Ângela Lira ratificou que muitos se utilizam do desespero das famílias para oferecer serviços caros e pediu que as universidades atuem na formação de profissionais especializados. “Há um abuso na cobrança pelos atendimentos e a população carente está abandonada. Só o conhecimento vai mudar essa realidade”, avaliou.

Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE), Bruno Moury salientou que os órgãos públicos não destinam de 2% a 5% dos cargos para pessoas com deficiência, como está previsto em Lei Federal. “O próprio poder público, no geral, dá as costas para as pessoas com deficiência”, agregou ele, que tem um filho autista.

Pai do artista Diogo Calife, que fez as ilustrações da cartilha da Alepe sobre o tema, Roberto Calife fez um desabafo sobre o preconceito e a exclusão que atingem, também, as famílias de pessoas com autismo. “Muitos se afastam, deixam de convidar as crianças para as festas. As famílias com autistas acabam se tornando autistas também. Mas eu agradeço todos os dias pela existência de Diogo, que tem me ajudado a me tornar um ser humano melhor. E a arte é um meio de libertação para qualquer pessoa”, pontuou.

Durante o debate, a procuradora da Alepe Juliene Viana, que coordenou a elaboração da cartilha, sugeriu a formação de um grupo de trabalho para ajudar a formular políticas públicas voltadas para as pessoas com autismo. O Grande Expediente Especial contou com a participação da vice-governadora do Estado Luciana Santos, e do ex-deputado estadual paraibano Bruno Cunha Lima.

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