Desenvolvimento Econômico discute iniciativa para beneficiar cultura canavieira no Nordeste

Por Rafael Santos 09/04/2018 22:23 • Atualizado 09/04/2018
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Proposta que estima gerar cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos, por ano, em Pernambuco foi debatida pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, nesta segunda (9). Apresentada por integrantes do setor sucroalcooleiro, o Projeto Renovar é uma tentativa de recompor a cultura canavieira no Nordeste, diante do cenário de crise econômica. Parlamentares presentes manifestaram interesse no tema e comprometeram-se a apoiar a ideia na Casa e junto ao governador Paulo Câmara. Atualmente, há 15 usinas em funcionamento no Estado.

Pelos cálculos de Gregório Maranhão, consultor do setor sucroalcooleiro em Pernambuco e apontado como idealizador do projeto na União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), “nos últimos cinco anos, o Nordeste deixou de produzir 20 milhões de toneladas de cana, o que representa 200 mil empregos perdidos”. Em termos econômicos, ele indica um prejuízo de R$ 4 bilhões. “Mais do que uma solução, o Renovar é uma contribuição oportuna e de caráter emergencial para Pernambuco e para o Nordeste. A cana é um insumo de integração regional”, destacou.

Motivado pela queda de produtividade do setor em toda a região. e inspirado por medidas tomadas ainda durante o governo de Jarbas Vasconcelos – Prorenor/ Proresul –, o projeto envolve todos os Estados nordestinos. Ao aspecto econômico soma-se a preocupação social, uma vez que se estima, a partir dos resultados do Renovar, redução de criminalidade na região canavieira. “Existe uma relação clara entre o desemprego e a violência. É preciso reverter esse cenário, gerando mais empregos”, defendeu. Nesse sentido, Maranhão pontuou os cerca de oito mil postos de trabalho resgatados a partir da retomada da produção das Usinas Pumaty e Cruangi.

Na prática, o Renovar deve funcionar como uma Parceria Público-Privada (PPP) entre produtores e governos Estadual e Federal. A expectativa é de que insumos e geração de mão de obra cheguem por meio de transferências governamentais. Além da adoção do projeto, Gregório Maranhão registrou a necessidade de resgate da Câmara Setorial da Cana de Açúcar e do Álcool como espaço de diálogo.

Todos os representantes de segmentos vinculados à cadeia produtiva do setor presentes à audiência avaliaram positivamente o Projeto Renovar e reforçaram o apelo à adoção da medida pelo Governo do Estado. Da Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares de Pernambuco (Fetape), Givanildo Marques declarou que “se espera do governador Paulo Câmara a mesma atenção que o setor tem recebido desde a época de Miguel Arraes”. Também participaram do encontro usineiros, integrantes de associações e sindicatos.

Presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, o deputado Aluísio Lessa (PSB) reiterou apoio à iniciativa ao ler a Indicação nº 10.874/2018, que encaminhou ao Plenário. Aprovado por unanimidade, o texto é um apelo ao governador para reconhecimento do projeto. O parlamentar defendeu, ainda, a renovação antecipada da concessão de crédito presumido ao setor. “A cana-de-açúcar é a mãe da economia do nosso Estado. Estarmos aqui debatendo o futuro dessa produção é muito relevante”, observou. Os deputados Antônio Moraes (PSDB) e Henrique Queiroz (PR) também manifestaram apoio ao Renovar.

Gestores estaduais que participaram da reunião transmitiram o interesse do governador Paulo Câmara em discutir a proposta. “Num momento de crise, o Poder Público precisa ser parceiro do setor privado”, sinalizou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Gustavo Leão. Já Wellington Batista, à frente da Secretaria de Agricultura, concordou com o impacto que a proposta pode trazer para a segurança pública.

Reivindicações – Outras demandas foram elencadas durante a audiência. Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar/PE), Renato Cunha falou sobre a necessidade de aumento da produção: “Atualmente, a capacidade produtiva é de 17 milhões de toneladas de cana, mas apenas 11 mi chega a ser moída”.

Já Alexandre Andrade Lima, que preside a Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), tratou da expiração de prazo para repasse de subvenção federal ao setor. “O presidente é outro, mas a dívida é a mesma. O Governo Federal deve aos fornecedores de cana R$ 185 milhões. Esperamos que esse valor não seja perdido e venha com esse projeto”, frisou.

A medida de incluir a cana-de-açúcar na Política Federal de Garantia de Preço Mínimo (PGPM) foi defendida por Gerson Carneiro Leão, que preside o Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar (Sindicape). Ele também frisou que o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, visitará a Usina Ipojuca no próximo dia 24, com a presença do governador. “É o momento de falarmos sobre as demandas do nosso setor.”

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