Ex-prefeito de Buenos Aires usou verba desviada para fazer campanhas eleitorais, diz delegado

Por Giro 30/10/2017 16:35 • Atualizado 30/10/2017
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Parte do dinheiro desviado do município de Buenos Aires foi usada em campanhas eleitorais do ex-prefeito Gislan de Almeida Alencar, preso na ‘Operação samidarish’, realizada pela Polícia Civil. A declaração é do delegado Izaias Novaes. O policial participou, na manhã desta segunda-feira (30), de uma coletiva de imprensa para apresentar o balanço final da ação, deflagrada na sexta-feira (27).

A operação investiga o desvio de R$ 12 milhões em verbas públicas. Além do ex-prefeito, o vereador Flávio José Barbosa de Melo, conhecido como Flávio de Deda, (PSDB), foi preso pela Polícia Civil.

“O ex-prefeito era o ordenador de despesas. É um município pequeno e a gente sabe que ele tinha conhecimento do que estava acontecendo ali. Não tem como você gerir um município daquele tamanho sem ter o devido conhecimento daquela fraude”, pontuou o delegado.

O vereador é suspeito de abrir um restaurante na Zona Sul do Recife para lavar o dinheiro subtraído dos cofres públicos. De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, as pessoas investigadas são suspeitas de fraudes em licitações públicas, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

“Nós identificamos pela movimentação financeira que o vereador era o responsável por receber os valores dessas empresas”, completou. Com Flávio José Barbosa de Melo, a polícia encontrou um revólver calibre 38. Com isso, ele também foi autuado por posse ilegal de arma de fogo.

Dos nove mandados de prisão expedidos pela Justiça, oito foram cumpridos. Entre os detidos, há empresários. “A maioria dos sócios das empresas é composta por laranjas”, contou o delegado.

Ao todo, 13 mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva foram cumpridos. A ex-vice prefeita foi conduzida para a delegacia para ser ouvida. Os agentes também recolheram celulares, documentos e computadores.

O G1 segue tentando localizar a defesa dos detidos pela Polícia Civil.

Buenos Aires tem cerca de 13 mil habitantes. A operação, segundo a Controladoria Geral da União (CGU), é um desdobramento das duas etapas da operação Comunheiro, que investigaram também desvios de verba pública.

De acordo com o superintendente da Controladoria Geral da União, Fábio Araújo, cerca de 60 licitações estão sendo estudadas. O órgão suspeito que havia algo errado no município quando descobriu que se pagou 26 mil com lavagem de veículos em apenas um mês.

“Nós vamos fazer parte da equipe que analisa os processos licitatórios que foram apreendidos. A ideia é subsidiar a operação para trazer quais foram as fraudes nesses processos”, disse.

Desvios

A verba desviada pertencia às secretarias de Saúde, Educação e Assistência Social. Segundo o chefe da Polícia Civil, 70% do dinheiro foi repassado pela União e 30%, pelo governo do estado. O esquema criminoso teria ocorrido ao longo de todo o mandado do ex-prefeito.

Operação

Além da capital pernambucana e do município de Buenos Aires, a operação aconteceu nas cidades de Aliança e Carpina, na Mata Norte, Limoeiro, no Agreste, Paulista, no Grande Recife. Os mandados foram expedidos pela Comarca de Buenos Aires.

Na execução do trabalho operacional, participaram 160 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães, coordenados pela Delegacia de Crimes Contra a Administração e Serviços Públicos da Diretoria Integrada Especializada (Diresp).

A investigação contou com o apoio do Ministério Público de Pernambuco, o Tribunal de Contas de Estado e a Controladoria Geral da União, que deram suporte às investigações.

Os suspeitos e o material apreendido foram encaminhados à sede do Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), no bairro de Afogados, na Zona Oeste do Recife.

Informações do G1PE

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