Azougue Nazaré, longa pernambucano premiado, estreia no Brasil

Segundo o diretor, o filme rompe com a visão habitual da cultura popular. “Ele desmistifica o dia a dia dos maracatuzeiros, trazendo emoções e desejos de pessoas por trás das fantasias, confrontando a ideia de uma manifestação parada no tempo, com o uso funcional de tecnologias e das redes sociais, que naturalmente facilitam a comunicação”, diz.

Por Rafael Santos 22/10/2018 09:19 • Atualizado 22/10/2018
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Produtor dos premiados “Aquarius” e “Boi Neon”, o cineasta Tiago Melo estreará o longa Azougue Nazaré na 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no Festival do Rio, onde foi selecionado para a mostra competitiva da Première Brasil.

Ganhador do prêmio “Bright Future Award” no Festival de Cinema de Roterdã, o filme conta a história de diversos acontecimentos misteriosos que assombram os moradores de Nazaré da Mata, município de Pernambuco.

Com a religião também em pauta, o longa mergulha no universo do Maracatu Rural, uma tradicional manifestação da cultura popular brasileira que surgiu com a mistura de danças e religiões de matriz africana trazidas pelos povos escravizados no Brasil. A trama se passa num imenso canavial onde um Pai de Santo pratica um ritual religioso com cinco caboclos, que ganham poderes, incorporam entidades e desaparecem. Enquanto isso, numa casa isolada, mora o casal Catita e Irmã Darlene. Ele esconde que participa do Maracatu, e ela é fiel da igreja do Pastor Barachinha, um antigo mestre de maracatu convertido à religião evangélica, que se vê na missão de evangelizar toda a cidade.

Segundo o diretor, o filme rompe com a visão habitual da cultura popular. “Ele desmistifica o dia a dia dos maracatuzeiros, trazendo emoções e desejos de pessoas por trás das fantasias, confrontando a ideia de uma manifestação parada no tempo, com o uso funcional de tecnologias e das redes sociais, que naturalmente facilitam a comunicação”, diz. O elenco se destaca com a interpretação e atuação de mais de sessenta integrantes do Grupo de Maracatu, que fortalece a narrativa do filme ao acompanhar personagens fictícios envolvidos em questões reais e contemporâneas, a tensão religiosa e a expectativa do carnaval.

O filme foi exibido em mais de 20 festivais em todo o mundo e, além de Roterdã, levou prêmio de Melhor Direção no BAFICI 2018, Menção Honrosa no Lima Independiente Film Festival 2018 e o Prêmio da Crítica no Festival de Toulouse. Em breve será exibido em outros festivais, como Festival de Cine La Orquidea, no Equador; Duhok International Film Festival, no Iraque; Festival Internacional de Cine de Morelia, no México; Mumbai Film Festival, na Índia; e Geneva International Film Festival, na Suíça.

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