Humberto leva CPI do Assassinato de Jovens a Pernambuco

Por Rafael Santos 26/05/2015 10:03 • Atualizado 26/05/2015
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17479516574_d27e6cdfa3_kOs dados impressionam. Pernambuco desponta como o segundo Estado brasileiro onde a probabilidade de morte de jovens é considerada “muito alta”, de acordo com números apresentados em audiência pública realizada na noite desta segunda-feira (25) na CPI do Assassinato de Jovens do Senado. As estatísticas levaram o líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE), que integra a Comissão, a apresentar requerimento solicitando que a CPI viaje a Pernambuco para encontro com autoridades públicas e especialistas locais na tentativa de ampliar o debate no Estado.
Pesquisas realizadas pelo Fórum Nacional de Segurança Pública e pelo Observatório de Favelas demonstraram que Pernambuco tem um quadro alarmante de morte de homens jovens, especialmente negros, ficando no cenário nacional, de acordo com alguns estudos, atrás apenas da Paraíba. O Nordeste aparece liderando as estatísticas trágicas entre as cinco regiões brasileiras.
“A gente estuda os dados, lê, mas, no fundo, não tem ideia dessa proporção. Essa situação é degradante para o nosso Estado e para o nosso país e, evidentemente, temos de agir para mudar, para conter essa chaga social. Não podemos continuar tolerando esses índices de violência”, afirmou o senador.
Segundo ele, o Brasil vive uma onda conservadora responsável pela construção de um raso senso comum que ignora esse tipo de informação. “O debate sobre a redução da maioridade penal, por exemplo, está contaminado por falsos argumentos quando tinha que estar completamente alinhado com essa realidade. Nós observamos que, de fato, os jovens são muito mais vítimas do que autores de crimes”, disse.
Humberto lembrou que Pernambuco registrou, nos últimos anos, uma redução de homicídios, a partir da experiência exitosa do Pacto pela Vida, mas que os índices voltaram a crescer. “Vale a pena conversar com o pessoal da área de segurança pública e de direitos humanos para esclarecermos isso e procurarmos entender o que está havendo”, observou. A data da reunião será definida na próxima reunião administrativa do colegiado da CPI.
O líder do PT acredita que haja uma relação muito próxima das mortes de jovens com o uso de drogas e o tráfico. “No Brasil, não conseguimos discutir de maneira séria a questão da descriminalização das drogas para enfrentar a violência”, ressaltou.
Os dados sobre a violência foram apresentados na CPI, nesta segunda, por três convidadas da Comissão: Natália Damázio Pinto Ferreira, advogada e representante da Justiça Global; Raquel Willadino Braga, diretora do Observatório de Favelas; e Samira Bueno Nunes, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
De acordo com as informações divulgadas, entre 2009 e 2013, a quantidade de pessoas que foram mortas pelas polícias brasileiras chegou a 11.197. O índice é superior ao registrado nos Estados Unidos em 30 anos: 11.090, de 1983 a 2012.
Somente em 2013, mais de 56 mil mortes violentas foram registradas no país. Ou seja, a cada 10 minutos, uma pessoa é assassinada no Brasil. A maioria das vítimas é de jovens, do sexo masculino, negros e pobres.
De acordo com Humberto, a CPI busca encontrar respostas para as perguntas de “quem mata”, “onde o faz”, “quando pratica o crime”, “como o comete”, “por que o faz” e “quem é a vítima”, a fim de buscar soluções para o problema. A Comissão Parlamentar de Inquérito vai apresentar o seu relatório final em novembro.

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